Existem coisas que só paraense, seja ele de nascimento ou por adoção, sabe o que é: passar numa esquina e salivar só de sentir o cheiro do tucupi, vindo de um bom tacacá, ou o cheiro da maniçoba, empinar papagaio do Cobra ou fazer pacientemente, com talinhas de palmeira e papel de seda uma curica e se perder no tempo, no encantamento com sua arte subindo os mais altos céus e dar laço e correr atrás do papagaio que xina. Paraense joga peteca e não bolinha de gude, tem seguro contra as mangas que quebram os pára-brisas dos carros, uma pena é não existir seguro para a cabeça, eu mesmo quase já fui alvo delas...
Paraense conhece mato, marés, conta estória do boto - moço bonito, mas com um pitiú de peixe e que mesmo assim, encanta as moçoilas mais desavisadas nas noites de lua cheia. Não sabe o que é pitiú? O paraense sabe! Se tem uma coisa que paraense sabe, é fazer comida, é irresistível ir ao Pará e não degustar de uma deliciosa unha de carangueijo (é comum ouvir alguém pedir uma coxinha de caraangueijo, rsrsrs) - a sopa, também, é uma delícia -, caruru, casquinha de mussuã, pato no tucupi, peixe moqueado, sem contar a experiência única de comer um bom avuado com os amigos.
Paraense é carinhoso, chama todo mundo de mano, mana, maninho, fica logo amigo, faz almoço, jantar, põe logo dentro de casa. Eita povo hospitaleiro! Fala se não é? Por aqui tomamos açaí pra dormir a sesta, com farinha d’água ou de tapioca, com açúcar ou sem, com charque, camarão, pirarucu ou sem nada só ele purinho, bom que só! Temos os frutos mais deliciosos e mais exóticos, isso o paraense, esteja ele onde estiver jamais esquecerá, o gosto do cupuaçu, bacuri, uxi, graviola, pupunha, taperebá, castanha do pará, muruci, piquiá, tucumã, Bacaba. Delícias que proporcionam criar os melhores inesquecíveis sabores de sorvetes, sem contar o maravilhoso sorvete de tapioca. Além, dos saborosos bombons do Pará.
Paraense tem alto verão em julho, quando a maioria do Brasil morre de frio e nós por aqui bronzeadérrimos, acentuando a beleza de nossa morenice! Festa? É com a gente mesmo! Em todo o canto tem uma música legal, um legítimo carimbó, um violão, uma guitarra, uma aparelhagem botando todo o mundo pra dançar. Por aqui, tomamos banho de rio, barrento como o Guamá ou a baía de Guajará, de rio azul transparente como o Tapajós, de Igarapé Gelado de bater o queixo de frio.
Paraense quando não tem nada pra fazer vai pra beira do rio ver o pôr do sol vermelho e os pôpôpos passarem. Quando está estressado vai pra Salinas, Marapanim - eita cidade paid’égua -, Crispim, Marudá, Algodoal, Mosqueiro, Cotijuba, Marajó, Ajuruteua ou ata uma rede na sacada de casa e fica lá, de pezinho pra fora esfriando a cabeça. Somos índios, místicos e curandeiros, mas, também, com toda essa energia de águas e mata não poderia ser de outro jeito!
Paraense vai ao Ver-o-Peso, compra ervas, faz chá, garrafadas, banho de cheiro - uma delícia! Curas de corpo e de alma. Ao mesmo tempo temos o privilégio de ter as bênçãos de Nazica, com toda a intimidade que eu, como paraense, tem pra chamá-la assim. Minha Santinha, que em outubro sai toda linda fazendo todo o mundo, paraense, turista, brasileiro e gringo engasgar de emoção.
Somos orgulhosos por sermos assim essa mistura morena, brejeira e gostosa, por sermos autênticos, pela cultura que temos, por nosso sangue índio que a tantos outros se misturou e que a nós, nos faz muito, mas muito especiais!
Texto desconhecido Remendos e ajustes feitos por Mauro Juventude do Blog:
http://soucabano.blogspot.com/ / ou anajulia13.blogspot.com
Elizeu Souza
Assessor de Assuntos Institucionais do PT/PA
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