sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

DE PAI PARA FILHO. FELIZ ANIVERSARIO.



domingo, 14 de fevereiro de 2010
Mais de como o PT entrou na minha vida

Trago ao topo comentário do meu pai, Alberto Puty, no artigo Como o PT entrou na minha vida e bem mais tarde comento a noite da folia. Meu pai exagerou em alguns detalhes, como na minha classificação para o vestibular.
Mas é meu pai, né gente!
=
Como você mencionou meu nome do seu blog, relembrando situações da década de 70, achei interessante adicionar outras lembranças.
É claro que não poderia me lembrar de todas as perguntas que você fazia, quando criança, pois eram muitas, sobre os mais diversos assuntos.
Lembro-me que tentava responder a todas, mas nem sempre o satisfazia e a mesma pergunta era feita a sua mãe.
Um fato que me impressionou, quanto você tinha 3 anos, foi seu interesse pelas revistas em quadrinhos (Pato Donald, Mickey, etc), mesmo não sabendo ler, passava horas com as revistas, vendo os quadrinhos e parecendo estar entendendo. Resultado, nos anos posteriores passou a fazer coleção dessas revistas, que tinha como seu tesouro.
Você foi leitor assíduo do jornal Folha de S.Paulo e da revista Veja nas décadas de 70 e 80, órgãos de informação dos quais eu era assinante. A partir dos 13 anos passou a ficar isolado no seu quarto, e não o via a não ser nos horários das refeições. Na época não sabia que seu isolamento era em razão de ser um “devorador de livros”, principalmente de minha biblioteca que tinha muitos volumes relacionados a assuntos de economia, política e filosofia.
O isolamento e também o aparecimento de uma grande timidez me deixou preocupado. Eu tinha que fazer algo para mudar isso.
Achava que através da música poderia modificar seu comportamento. Assim, tentei por diversas vezes lhe induzir para o aprendizado do piano, violino, violão, sem sucesso.
Estava, pela insistência, sendo um chato, até que um dia, no café da manhã, ocorreu-me dizer mais ou menos o seguinte: “você já prestou atenção que uma pessoa que toca violão, ao entrar em um ambiente parece que o ilumina, logo as pessoas ficam em sua volta. No caso de um rapaz, logo se reúnem em sua volta um grupo de garotas e algumas até se tornam tietes dele” . Nem eu nem você falamos qualquer coisa a respeito, apenas senti aquele mesmo olhar das outras vezes e eu terminei o café da manhã com a sensação de frustração.
Porém, ao chegar do trabalho do Banco da Amazônia, no final da tarde, o encontrei e você foi logo dizendo: Pai, compra um violão para mim. Você já sabia tudo a respeito: local da loja, marca e o preço. Dois anos após você já tocava relativamente bem seu violão e cantava, embora um pouco desafinado.
Não tenho dúvida que isto contribuiu para seu desenvolvimento pessoal, eliminação da timidez etc., pois aos 16 anos já estava metido nas passeatas por meia passagem, inclusive fazendo discursos. Foi nessa época que você veio falar comigo para entrar no PT, e eu lhe disse que não me opunha desde que continuasse a ser estudioso.
Você começou a militar no PT e foi o primeiro lugar no Vestibular do curso de Economia no Moderno (antes da Unama) e na UFPA foi o segundo lugar geral da Universidade e o primeiro lugar em Economia.
Daí em diante você conciliou o trabalho de militante político com estudo.
Durante o seu período na UFPA me lembro do fusquinha que você tinha mas que servia para tudo, inclusive, nas épocas de eleição para transporte de colegas e materiais das colagens e pichações. Porém, como não era dada qualquer manutenção, com o tempo passou a não ter as mínimas condições de trafegabilidade, até o freio utilizado era o manual . Então por questão de segurança teve que ser vendido.
Fico por aqui, para não elastecer mais o texto que já está grande. Quero dizer que me orgulho de você pelo que você é e também pelo que você representa como um dos valores que aflora neste momento político.
Avante! Um grande abraço do teu pai.
Alberto Puty
Postado por Blog Do puty

Adorei os seguintes comentarios o 1 muito bem articulado e bonito e o segundo de sua Irmã que está em São Paulo numa grande demostração de que a distancia nada significa perante o amor.

1 - Seu Alberto,
Que Delícia o seu texto. As suas palavras, com sinceridade de minh’alma, muito me comoveram.
Digo isso, seu Alberto, nem tanto pelo conteúdo que nele o senhor consegue imprimir – conteúdo que por si só já fala bem alto, mas tão alto que chega a ser um grito sobre os telhados.
Mas me refiro, sobretudo, ao carinho, ao afeto e ao cuidado que estão latentes em cada palavra ali escrita. É a voz de um pai. E é justamente isso que é muito bacana.
As palavras são apenas palavras, seu Alberto. No entanto, quando elas brotam da experiência de um amor concreto e pragmático de uma pessoa – que, antes de falar, amou –, as palavras automaticamente adquirem sacralidade.
E essas palavras, seu Alberto, eu não tenho dúvida disso, estavam “escritas” muito antes de o senhor pô-las num papel. Elas foram escritas quando o senhor tomou a decisão de ter um filho. Por isso elas são alma e coração. E por falar em coração, seu Alberto, o seu caminhará – sempre – por caminhos que estão fora do seu corpo. E o seu texto nos remete a isso. Vislumbro ali a sua eternização.
E é isso mesmo, seu Alberto, eternizamo-nos pela paternidade. No entanto, disso estou convencido, não uma paternidade apenas biológica, que esta é muito fácil de ser num átimo de tempo.
Mas nos tornamos verdadeiramente eternos quando assumimos, de corpo e alma, ainda que secretamente, a nossa paternagem. Ou seja, quando amamos, com os músculos, com os braços, e não apenas com a boca. E, como diz o famoso psiquiatra Içami Tiba, cuidar é amar.
Bachelard, o grande pensador, que a alma sensível misturou ciência e poesia, amava os ninhos e escreveu sobre eles. Imaginou que, “para o pássaro, o ninho é indiscutivelmente uma cálida e doce morada. É uma casa de vida: continua a envolver o pássaro que sai do ovo. Para este, o ninho é uma penugem externa antes que a pele nua encontre sua penugem corporal.“ E a paternagem é isso, seu Alberto: ser ninho para os filhos.
Vinícius de Moraes, no poema Pedro meu filho, escreveu: “Eu, muitas noites, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas feitas para a tua“.
Obrigado, seu Alberto. Hoje parei e pensei o quão importante é ser paterno. E posso ser paterno quando, no meu dia-a-dia, me disponho a ser ninho para aqueles que precisam do meu cuidado.
E a paternagem é isso mesmo, seu Alberto: amar concretamente cada um, sem exceção, que passa ao meu lado no momento presente da vida.

Quarta-feira, 17 Fevereiro, 2010

2 - FabPuty disse...
Claudio e pai, é com lagrimas nos olhos que digo: parabéns e obrigada!!! Para os dois!!
Parabéns pela dedicação, empenho e principalmente pelo idealismo!
E obrigada por serem minha inspiracao em transformar esse mundo num habitat melhor.
Saudades! saudades!
Até breve!

me lembrou a musica do cantor Fabio Junior. "PAI"

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