segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

DUDU E A TERCEIRA VIA - Raul Meireles

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Até as pedras sabem que o centro político das eleições de 2010 no Pará passa, necessariamente, pela intervenção de quatro personagens centrais: o Deputado Jáder Barbalho (PMDB), o Prefeito Duciomar Costa (PTB), a Governadora Ana Júlia (PT) e o ex-governador Simão Jatene (PSDB). Da capacidade de articulação política que essas figuras tiverem, para lá se deslocará provavelmente a vitória do pleito.

O ex-governador Simão Jatene, já com a candidatura lançada ao governo do estado, dos quatro, é o que está mais fragilizado. De um lado, porque sua trajetória político-eleitoral está indelevelmente ligada a figura do também ex-governador Almir Gabriel que o arrancou das entranhas da burocracia governamental e o fez governador com a força gigantesca da máquina estatal, sem que ele tivesse sido submetido anteriormente a qualquer experiência pessoal de disputa eleitoral. Ocorre que o seu criador no passado é seu principal algoz no presente. Este fato lhe deixa extremamente vulnerável e amputa boa parte do apoio eleitoral que ele poderia agregar. De outro lado, porque depois de 12 anos de poder no Estado, o PSDB elegeu apenas 13 prefeitos o que corresponde a 9,1% em relação aos 143 municípios em disputa, portanto, muito abaixo dos 47 prefeitos eleitos em 2004 que significou, aquela altura, 32,9%, logo, teve um desempenho pífio nas últimas eleições municipais que lançaram as bases para este ano e agora colhe os frutos que plantou.

A Governadora Ana Júlia, também já colocada como candidata a reeleição neste ano, enfrenta dificuldades de diversas ordens. Desde o desgaste natural de ser governo, agravado pela inexistência de realizações expressivas capazes de chamar a atenção da sociedade, passando pela falta de credibilidade frente a seus interlocutores, pelo fato de não cumprir os acordos que estabelece, até a brutal inexperiência e, mesmo, incompetência de seus operadores políticos, ora arredios ao diálogo que é o principal combustível do fazer político, ora enredados num emaranhado de objetivos menores e pessoais, cujo foco está distante da preocupação de reelegê-la. Numa palavra: a maioria das tendências internas do PT, exceção feita à DS, corrente da Governadora, precisam dela e do seu governo para eleger ou reeleger seus candidatos, mas não precisam necessariamente reelegê-la. Não é outra a razão pela qual tanto o PMDB, aliado de primeira hora, lança sinais bastante claros de que pretende abandonar o barco, quanto o PTB que vinha num processo de aproximação, cada vez mais procura se distanciar dessa alternativa. Isso indica que a candidatura da Governadora Ana Júlia, mantido o estado da arte, corre o risco de trilhar o perigoso caminho do isolamento, reduzindo suas chances de reeleição. Por óbvio que não se pode ignorar a força da máquina estatal e o seu poder de influência, quando essa se coloca em movimento, mas apostar apenas nisso é um erro político crasso. Não só de maquinários, tratores e implementos agrícolas, vive o eleitor paraense.

O Deputado Jáder Barbalho convive com o dilema de ter que se decidir entre a candidatura ao governo, ao senado, ou continuar sendo Deputado Federal, hipótese pouco provável, mas que não se pode excluí-la do campo das possibilidades. Se fizer a opção pelo governo estará optando pelo PMDB, digamos uma posição mais partidária, pois na hipótese de vitória poderá acomodar os aliados que o acompanham ao longo desse tempo de maneira mais ampla e mais fácil. Se por outro lado, disputar o senado estará fazendo uma opção de corte pessoal, pela qualidade de vida que aquela casa propicia aos seus membros, além do que terá mais tempo para olhar do planalto o desenrolar da política local. No entanto, para tomar sua posição definitiva, precisa saber qual será a direção que o Prefeito Duciomar seguirá. Jáder, certamente, não acompanhará no primeiro turno nem Ana Júlia, a menos que condições especialíssimas postas pelo Planalto consigam convencê-lo, tão pouco Simão Jatene que não tem cacife político para atraí-lo. Resta-lhe, portanto, acompanhar de perto e com muito interesse o movimento que vem sendo consertado pelo bloco PTB/PR.

O Prefeito Duciomar, se olharmos pelo ângulo político-institucional, é o mais tranqüilo. Ainda tem 03 anos de mandato, uma administração saneada sob todos os aspectos, com muitos recursos para investimento e com obras estruturantes em desenvolvimento o que indica a probabilidade de fechar sua gestão em ascensão e administrar politicamente os dois anos que ficará sem mandato. No entanto, não é menos complexa, pois dispões pouco mais de 60 dias para tomar uma posição. É muito provável que como o PMDB, o PTB também não apoiará no primeiro turno nem Ana Júlia, muito menos Jatene. O que se tem observado, pelos movimentos do Prefeito é sua intenção de formatar uma articulação político-partidária, a partir do bloco PTB/PR compondo com o PDT, do Deputado Giovanni Queiroz, que já integra a administração municipal e não tem o menor interesse de criar dificuldades desnecessárias se unindo a candidatura de Ana Júlia, em razão do brutal desgaste que o governo estadual experimenta no sul do Pará, onde se concentra a principal base eleitoral do partido e do seu presidente, muito menos de se aliar ao candidato Jatene, cujas divergências suplantam o campo da política.

Se o Duciomar conseguir fechar essa trinca partidária, PTB/PR/PDT, terá grandes chances de atrair o PP, do Deputado Gerson Peres, hoje ancorado ao governo Ana Júlia por falta de melhor opção. Ademais, se considerarmos que o Prefeito dispõe de vários espaços no seu governo, bastantes atrativos, capazes de compensar a eventual perda que o PP terá se sair da SEAD, essa hipótese torna-se perfeitamente factível. Esse bloco agrega mais de 40 prefeituras no estado, incluindo Belém, Marabá, Redenção, Castanhal, Capanema, portanto, pelo menos um terço dos votos do estado. Diante desse fato, a pergunta que não quer calar é: o que fará o PMDB? Já dissemos que não apoiará no primeiro turno nenhuma das duas vias postas em disputa, PSDB e PT. Então? Vai aventurar colocando um “laranja” para disputar o governo e por em risco a eleição para o senado do seu principal líder? Ou, ele próprio se lançará candidato, sabendo que pode até chegar na frente no primeiro turno, mas não tem chance de vencer o segundo? Ou vai ancorar nessa terceira via, liderada pelo Prefeito Duciomar, para garantir sua eleição ao senado que todos sabem é sua opção preferencial?

A meu juízo, nesse último cenário, Duciomar é candidato ao governo e comandará um segundo palanque para Ministra Dilma Roussef no Pará.


Belém, 11 de janeiro de 2010

Raul Meireles
Advogado



Anônimo disse...
Pior das analises políticas são aquelas tendenciosas senhor Raul Meireiles.
1. Em Belém e região metropolitana todos sabem como está o governo Duciomar que a 5 anos viver enrolando o povo. Sua obra mais falada acredito eu que nem no final do seu 2 mandato conseguira entregar a população. área da saúde e um verdadeiro desastre tanto que nem o Seu antonio Vinagre deu conta recado do matadouro dos PSMs e esse papo de joga a culpa no governo do estado não cola mais pois já deu tempo de arrumar a casa a muito tempo e seu sobrinho Saulo costa e quem manda realmente nesta área sem fala do nepostimo evidente e varias vezes denunciado . O trânsito e um verdadeiro caos saneamento nem se fala.Claro que a maquina da prefeitura de Belém tem um peso que não podemos desprezar mas vc acha mesmo que Lula e Dilma ficaram de qual lado numa eventual disputa esse papo de dois palanques e conversa fiada e bom só pra Dilma a governadora tem luz própria e obras não as dos 12 anos mas obras que mudam a vida das pessoas.o PP já está com Ana e quem diz isso e o próprio presidente do PP aqui no Pará que de burro não tem nada pois saber que pra se eleito precisa de uma "parceria" com quem e mais forte em termos financeiros, o PV também está compondo o bloco da governadora além do PSB e PCdoB e outros partidos pequenos mas com grandes lideranças com do vereador Pastor Raul. Então hoje por hoje quem está mais forte e sim a Governadora que inclusive começa aparece com grandes obras em parceria inclusive com o prefeito Duciomar o que claro desagradar ao senhor Jader Barbalho que na minha opinião vem mesmo e pro senador na 2 vagas do bloco governista pois seria um risco muito grande fica sem mandato caso fosse candidato ao governo e fosse derrotado e isso seria muito improvável pro senador pois com a duas maquinas (federal e estadual) Paulo e Jader seriam difíceis de serem derrotados e claro nesta negociação ainda aumentaria seu poder nos órgãos federal e ampliação no seus espaços estadual.
No mais um forte abraço.
Elizeu das Chagas

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