O novo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) converteu-se em gerente de conflitos. Administra uma bancada em pé de guerra.
Guindado pelas urnas à condição de segundo maior partido do Senado, o PT ganhou musculatura para reivindicar postos de mando na Casa.
O petismo emergiu das urnas com 15 senadores. Em quantidade, só perde para o PMDB, seu sócio no consórcio governista.
O problema é que o apetite dos senadores do partido de Dilma Rousseff é maior do que o número de poltronas em disputa.
Vai abaixo uma lista dos contenciosos que o líder Costa vê-se compelido a administrar. Por ora, sem sucesso:
1. Vice-presidência: Impedido de reivindicar a presidência do Senado, hoje um posto cativo de José Sarney, o PT foi ao tacape pela vice.
Guerreiam pela poltrona Marta Suplicy (SP) e José Pimentel (CE). Afora os atrativos naturais da função, aguça-lhes o interesse a idade elevada de Sarney.
Imagina-se que, sem a vitalidade de outrora, o velho morubixaba da tribo dos pemedebês cederá nacos de poder ao segundo da hierarquia.
Em vez da vice, o PT poderia ter reivindicado a Primeira Secretaria, como fazia o DEM ao tempo em que detinha a segunda maior bancada.
Espécie de prefeitura do Senado, essa secretaria controla orçamento anual na casa dos R$ 3 bilhões. Tornou-se ninho de grossas irregularidades.
No auge da crise que assediou Sarney na legislatura passada, o PT esmerou-se em criticar os malfeitos. Podendo agora corrigi-los, preferiu se abster.
2. Comissão de Assuntos Econômicos: A CAE é tida como a segunda comissão mais poderosa do Senado. A primeira, de Constituição e Justiça, vai à cota do PMDB.
Enganfinham-se por essa cadeira dois senadores da velha guarda: Eduardo Suplicy (SP) e Delcídio Amaral (MS). Instados a se entender, desentendem-se.
O Planalto considera o posto estratégico. Cuida de projetos que criam gastos e afetam a receita da União. Sob Lula, a CAE era um ninho comandado por tucanos.
3. Liderança do governo no Congresso: A exemplo de Lula, Dilma Rousseff terá três líderes no Legislativo: o da Câmara, o do Senado e o do Congresso.
No Senado, Dilma decidiu reconduzir Romero Jucá (PMDB-RR), líder desde a Era FHC. Restou aos senadores petistas reivindicar a liderança do Congresso.
Medem forças pela preferência de Dilma os petês Wellington Dias (PI) e Walter Pinheiro (BA). Derramam um suor que contrasta com a irrelevância da função.
O líder governista no Congresso só apita nas sessões conjuntas da Câmara e do Senado, que só ocorrem de raro em raro.
Ganham certa relevância nos momentos em que se discute, em sessões bicamerais, o Orçamento da União. Porém...
Porém, mesmo nessas ocasiões, o líder opera como espécie de despachante de plenário. Recebe o prato feito.
Desenhado na Esplanada e decidido no Planalto, o Orçamento é mastigado numa comissão mista. Na fase do plenário, o jogo já está jogado.
Na falta de acordos, Humberto Costa decidiu agendar para 27 de janeiro uma reunião para o tira-teima. Se as desavenças sobreviverem até lá, serão dirimidas no voto.
Só não vai a voto, naturalmente, a cadeira de líder do Congresso. Nessa caso, a nomeação é prerrogativa da presidente da República.
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Escrito por Josias de Souza
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