Li, não sei onde, que o PT decidiu torpedear o nosso senador-bicheiro, devido aos persistentes ataques à governadora Ana Júlia Carepa.
E o último ataque é demonstração cabal do pensamento machista, hipócrita e tortuoso desse infeliz parlamentar.
Mário Couto criticou duramente Ana Júlia por freqüentar um bar, o Cosanostra; por, como se diz, “tomar uns copos”, depois do expediente.
E a primeira coisa a se perguntar é: o que é que ele tem a ver com isso? Ele, por acaso, pagou-lhe a bebida?
Mas será que um senador da República não tem mais o que fazer?
Será que nós, contribuintes, pagamos seu altíssimo salário apenas para ficar bisbilhotando a vida alheia? Então, melhor é pagar à vizinha fofoqueira, pois não?
Além disso, é o caso de se dizer: melhor beber do que comandar jogatina...
Mas, que nem acionista da Perobal S/A, Mário Couto faz de conta que todos ignoramos quem, de fato, ele é.
E manipula um preconceito imundo contra as mulheres, que, nessa sua visão típica dos “padrinhos”, não podem nem botar a cara para fora de casa, sob pena de serem tachadas de “vagabundas”.
Nunca soube de qualquer crítica desse pitoresco senador às bebedeiras do Hélio Gueiros – que até incorporou essa interessante característica ao seu marketing pessoal... – nem ao uísque fartamente consumido pelo ex-governador Almir Gabriel.
No entanto, Ana Júlia sai para tomar uma cerveja e lá está o “santo” do Mário Couto a apontar-lhe o dedão acusador.
O mesmo Mário Couto que fez fortuna com o jogo do bicho, como toda a população de Belém sabe que fez.
Trata-se, portanto, de uma beata com passado de prostituta!...
Um “santo” que amealhou o dinheiro que possui através da exploração de milhares de pessoas pobres deste estado.
Um “santo” que fez fortuna à margem da Lei, numa atividade ligada ao crime organizado; ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro.
E é no crime organizado, além da miséria da população – dessa mesmíssima população que Mário Couto cansou de explorar – que se deve buscar a causa de milhares de mortes de crianças, adolescentes e jovens deste estado.
É na corrupção, na distribuição de cestas básicas com dinheiro público e objetivos eleitoreiros, que se perpetua essa miséria que estimula a criminalidade.
Não, não é o bar Cosanostra nem nas noitadas da governadora que devem ser buscadas as raízes dessa violência que o nosso senador-bicheiro diz, hoje, abominar.
Não fosse tão hipócrita, Mário Couto faria é um mea culpa, em vez de ficar se aproveitando, de forma politiqueira e nojenta, do cadáver de uma criança.
Porque a culpa pela morte daquele garoto - e de tantos outros milhares de garotos paraenses - é, em verdade, da “Cosanostra”.
Ou seja: de todas as máfias que o Mário Couto, certamente, conhece muitíssimo bem...
um esclarecimento necessário
Quero deixar registrado que essa defesa da minha xará não significa um “alinhamento”.
Tento, apenas, ser justa.
Além de marcar posição contra o uso dessa politicagem machista contra a primeira governadora do Pará.
Porque acredito que a luta das mulheres por respeito, dignidade, igualdade, não pode estar subordinada aos interesses eleitorais de qualquer legenda.
Nossa luta tem milhares de anos; custou milhões de vidas.
Não pode, portanto, ser simplesmente “rifada” em nome de uma vitória tucana.
De resto, continuo a divergir do atual governo em quase tudo.
Ana Júlia, para mim, foi uma grande decepção.
Pela falta de pulso e de conhecimento da administração pública.
Penso que é saudável o alinhamento ideológico. É qualidade, e não defeito, ser leal a companheiros de uma determinada corrente de pensamento.
Mas, daí a governar apenas para um grupo, há enorme diferença.
Ana e Almir, entre os nossos mais recentes governantes, foram aqueles que chegaram ao Poder mais cercados de esperança.
Almir, até pelo perfil autoritário, conseguiu se impor.
Ana, no entanto, perdeu-se nessa fidelidade canina à Democracia Socialista – esquecendo, talvez, que a sua primeiríssima fidelidade teria de ser é ao povo do Pará.
Infelizmente, a minha xará perdeu-se na ilusão dos projetos juvenis.
Continuou a gritar “abaixo a ditadura” e “o povo unido jamais será vencido”, enquanto, nas ruas, na “vera”, a sociedade avançava por outros caminhos – para alcançar, bem lá na frente, quem sabe, até os mesmíssimos objetivos estratégicos da DS...
Mas a DS não soube fazer a crítica da sua postura. E Ana, como liderança – e apesar do Poder que lhe foi concedido pelos cidadãos – não soube conduzir a sua corrente a essa crítica necessária.
Tornou-se, antes, refém da DS e dos que, inteligentemente é verdade, souberam conquistar o comando dessa corrente.
É uma pena que seja assim.
Com um pouquinho mais de jogo de cintura, Ana poderia ser, hoje, a governadora de todos os paraenses.
Mas, optou por ser, simplesmente, a governadora da DS.
Deu no que deu.
ANA CÉLIA PINHEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário