terça-feira, 29 de setembro de 2009

Odair, parece, desconhece os vácuos de poder

Não é apenas Duciomar Costa que é um cara de sorte.
Não é.
A governadora Ana Júlia é, também ela, uma cara, ou melhor, uma mulher de sorte.
Ana Júlia viajou para a Califórnia (EUA).
Fica por lá até 3 de outubro.
Por aqui, fica Odair Corrêa (na foto), o vice-governador de direito.
E, mais importante, fica Cláudio Puty, o vice-governador de fato.
Por que Ana Júlia é uma mulher de sorte?
Porque tem um vice-governador de direito com um perfil que rejeita a belicosidade.
Odair, mesmo passando por certos constrangimentos, não tem os pendores de quem parte para o confronto.
E nem deve partir mesmo.
Mas deve se impor.
Deve impor a sua autoridade, o seu status funcional.
Há quem ache que a governadora só lhe impõe humilhações porque ele, o vice, também não se impõe.
Como não se impõe, Ana Júlia impõe como vice-governador de fato Sua Excelência o doutor Cláudio Puty, que cuida de tudo de tudo neste governo, de ProJovem a hidrelétrica.
E cuida de tudo porque, claro, é pré-candidato a deputado federal pela DS – tendência do PT -, no próximo ano.
Não se sabe se Odair tem conhecimento desta velha máxima: em política, não há vácuo de poder. Não há mesmo.
Se um vácuo aparece, alguém o ocupará logo, logo.
É o caso de Puty, nesta dobradinha com Ana Júlia.
Para Odair se impor, precisaria deixar claro que apenas ele, na condição de vice, é quem deve desempenhar certas atribuições que lhe são constitucionalmente asseguradas.
Mas não precisaria chega aos extremos de um Helinho.
Helinho?
Sim, Helinho, o filho de Hélio Gueiros, ex-governador do Pará e ex-prefeito de Belém.
No segundo governo Almir Gabriel, Hélio Gueiros, o Júnior, era o vice-governador.
E rompeu com Almir.
Numa das viagens do governador, o vice Helinho passou a mão na caneta e mandou pra rua vários auxiliares que ocupavam funções de confiança. Sobrou até para gente do primeiro escalão.
No retorno, Almir, é claro, revogou todas as exonerações e chamou todo mundo de volta.
Mas criou-se um fato político.
E desde então, Helinho nunca mais assumiu o governo, nas ausências do titular.
Odair, que não é belicoso, não precisaria, repita-se, chegar a tanto.
Mas precisa se impor.
Se não se impuser, continuará a ficar em segundo plano.
E Puty continuará como o vice-governador de fato.



Odair, o vice de direito. Puty, o vice de fato.
Na coluna “Repórter 7o”, edição de O LIBERAL desta sexta-feira (18):

VICE
Entendimento

O vice-governador Odair Corrêa (PDT) vai tentar se entender com a governadora Ana Júlia sobre o seu já restrito território no governo. Ele anda descontente com o avanço de alguns secretários sobre o CredPará, único quinhão que lhe coube no latifúndio estadual. O ataque acontece desde que Odair revelou que será candidato a deputado federal. Suas verbas foram reduzidas a ponto de ter que pagar do próprio bolso o aluguel de aeronave para viajar pelo Estado.

Lealdade

O vice-governador está proibido de comprar passagens áreas para seus poucos assessores e não tem conseguido usar os aviões do Estado, que sempre estão com problemas mecânicos ou em missão. Odair pretende dizer à governadora, caso ela o receba, que sempre lhe foi fiel e a defendeu por todos os quadrantes dos ataques inimigos. E que, nas vezes que assumiu o governo, não praticou nenhum ato que comprometesse a sua lealdade.

É humilhante.
É verdadeiramente humilhante o tratamento dispensado pela governadora Ana Júlia ao vice-governador Odair Corrêa (na foto).
Não por ser ele o Odair – porque o vice poderia muito bem ser o Pedro, o Miguel, o José, o Francisco, qualquer um.
O tratamento é humilhante por ser Odair o vice-governador do Estado.
Um vice-governador que não sabe nem se a governadora o receberá em audiência não está sendo tratado como vice-governador.
Está sendo tratado como um moleque, como um qualquer.
Um vice-governador que precisa pagar do próprio bolso o aluguel da aeronave para viajar pelo Estado não está sendo tratado como vice-governador.
Está sendo tratado como um moleque, como um qualquer.
Se o argumento a ser apresentado for o de que o vice quer desfrutar do avião e de outras prerrogativas inerentes ao seu cargo para pavimentar a candidatura dele a deputado federal, então deveria ser adotado um tratamento equânime.
Se esse for o argumento, Sua Excelência a governadora deveria fazer o mesmo com seu vice, o dr. Cláudio Puty.
Puty? Vice?
Sim, o chefe da Casa Civil, como aqui já disse – e faz alguns meses –, é a segunda pessoa mais importantes do governo Ana Júlia.
Mais importante do que o próprio vice-governador.
Por quê?
Porque ele é da DS.
DS é a Democracia Socialista.
Democracia Socialista é a tendência petista a que pertence a governadora.
E a governadora que fazer de Puty candidato.
A quê?
A deputado federal, o mesmo cargo a que Odair aspira.
Mas Puty, ao contrário de Odair, tem avião à disposição e dispõe de toda a estrutura inerente a seu cargo para se deslocar pelo interior do Estado.
- Ah, mas Puty não está fazendo política – dirão uns quatro ou cinco.
É mesmo?
Contem outra.
Contem outra, que essa não cola.
Como não cola humilhar o vice-governador e retirar-lhe prerrogativas inerentes a seu cargo, deixando-se de fazer o mesmo com Puty.
São dois pesos e duas medidas.
Porque Odair é um, e Puty, obviamente, é outro.
Odair é o vice de direito.
Puty é o vice de fato.
Quem ainda duvida?

Nenhum comentário:

Postar um comentário