Charles Alcântara diz que “núcleo duro” paralisa governo
* Puty, Botelho e os irmãos Monteiro são citados* “É preciso mais PT nesse núcleo duro do governo”* “O PT é que foi ao PMDB pedir apoio para Ana Júlia”* “Ou Puty é candidato ou é chefe da Casa Civil”O ex-chefe da Casa Civil do governo do Estado, Charles Alcântara (acima, com Ana Júlia, na foto da Agência Pará), responsabilizou nominalmente seu sucessor na pasta, Cláudio Puty, os irmãos secretários Marcílio e Maurício Monteiro e o consultor-geral do Estado, advogado Carlos Botelho, de empurrarem a administração Ana Júlia para um isolamento que se agrava cada vez mais. Disse ainda que se desgastou no governo porque defendeu que se honrassem os termos do acordo que levou o PMDB a apoiar o PT na campanha vitoriosa de Ana Júlia, em 2006.Ele considerou que as disputas na Democracia Socialista (DS), a corrente que dá as cartas no governo, estão paralisando a administração justamente neste ano pré-eleitoral, quando o governo precisa implementar ações que permitam à opinião pública avaliá-lo positivamente em todas as áreas. Chamou ainda de “eminência parda” o publicitário Paulo Haineck, marketeiro de Ana Júlia que terá a atribuição de cuidar das verbas publicitárias na nova gestão da Secretaria de Comunicação (Secom) após a saída de Fábio Castro da pasta, agora sob o comando do jornalista Paulo Roberto Ferreira.Alcântara, que atualmente preside o Sindicato do Grupo Ocupacional, Tributação, Arrecadação e Fiscalização da Secretaria de Estado da Fazenda, o Sinditaf, falou ao vivo durante cerca de 1 hora e 40 minutos ao programa Jogo Aberto deste sábado (30), apresentado na Rádio Tabajara FM 106,1 pelo jornalista Carlos Mendes, com a participação do também jornalista Francisco Sidou.Núcleo duro: o nó do governoO ex-chefe da Casa Civil disse enfaticamente que o tal “núcleo duro”, como é denominado o grupo de auxiliares mais próximos à governadora Ana Júlia, é formado apenas por Puty, Botelho e pelos irmãos Marcílio, ex-marido de Sua Excelência que também é secretário de Projetos Estratégicos, e o Maurílio, secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia.“É preciso mais PT nesse núcleo duro”, criticou Alcântara, ao dizer que Puty, Botelho e os irmãos Monteiro estão apartados da vida partidária, não têm uma trajetória política que se confunda com a de outros petistas que, efetivamente, estão mais afinados com as aspirações do partido.“Eu nunca fiz parte desse núcleo. O André Farias (secretária de Integração Regional) também não. Eu sempre fui contra esse núcleo, que depois plantou na Imprensa a informação de que eu caí porque era o porta-voz dos interesses do PMDB e do deputado Jader Barbalho [presidente regional do partido]. E agora vejo o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, porta-voz do núcleo duro, dizer publicamente na televisão que o governo precisa do apoio do PMDB e do Jader”, alfinetou Alcântara.Os motivos da quedaEle disse que a governadora Ana Júlia não lhe explicou os motivos pelos quais o exonerou da chefia da Casa Civil e foi claro ao acrescentar que não pediu para sair do governo. Mas confessou saber perfeitamente que começou a ser fritado e acabou expurgado porque, ao contrário do núcleo duro - que estimulava o rompimento do governo com o PMDB -, sempre defendeu o cumprimento do acordo que garantiu a vitória de Ana Júlia em 2006.Lembrou que a campanha de 2002, quando a então deputada Maria do Carmo foi para o segundo turno na disputa pelo governo do Estado com Simão Jatene (PSDB), deixou ao PT muitas lições para o pleito seguinte, de 2006, que elegeu Ana Júlia.“Não foi o PMDB que veio oferecer apoio ao PT. O PT é que foi ao PMDB pedir apoio para a candidata Ana Júlia. Fizemos isso para ganhar a eleição”, recordou Charles Alcântara. Ele reconheceu que todo esse processo foi politicamente pedagógico para o partido, que passou a dar mais importância para a política de alianças, indispensável numa estratégia de ascensão ao poder.Segundo Alcântara, não foi fácil para boa parte dos petistas apreenderem a dimensão política dessa estratégia. Revelou, por exemplo, que houve resistências fortíssimas entre amplos segmentos do PT quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Belém na campanha de 2006 e ocupou o mesmo palanque, ao lado dos peemedebistas Jader Barbalho e José Priante. “Houve muito tensão entre os militantes”, revelou Alcântara. O próprio presidente Lula, segundo Lula, ajudou a conter os ânimos mais exaltados.Manter Puty é um erroEle avalia que a governadora Ana Júlia comete um grave erro em manter Cláudio Puty na Casa Civil, ao mesmo tempo em que o próprio Puty, como todos sabem, é candidato a deputado federal na eleição do próximo ano. Para Alcântara, é legítima e natural a aspiração de Puty a excercer um mandato eletivo, mas essa pretensão é incompatível com o cargo que ocupa. “Por favor, governadora... É preciso avaliar a posição dele no governo. Ou o Puty é candidato a deputado federal ou é chefe da Casa Civil”, opinou.Para Alcântara, as disputas internas na DS estão se refletindo direta e negativamente na articulação política do governo. “Nós tivemos uma condução desastrada na eleição para a Mesa da Assembléia Legislativa do Estado. E agora os militantes da DS estão se engalfinhando, numa disputa sangrenta, absurda, para ver quem será candidato a deputado na eleição do próximo ano. Isso está causando a paralisia do governo Ana Júlia”, avaliou o ex-chefe da Casa Civil.Se as brigas internas na DS são capazes de levar o governo à paralisia, Alcântara considera, de outro lado, que as divergências nunca foram um problema. O partido, segundo ele, cresceu na diferença, na pluralidade, no debate, no contraste entre posições conflitantes e, por conta disso, desenvolveu naturalmente mecanismos democráticos de deliberação que acabaram por fortalecê-lo.“O problema não são as divergências, mas o rebaixamento da política, a despolitização do debate, a fulanização, a fofoca, a intriga”, disse Alcântara, concordando em parte com o presidente do Diretório Municipal do PMDB de Belém, José Priante, que em entrevista no mesmo programa Jogo Aberto, há duas semanas, chamou a administração Ana Júlia de “governo do fuxico”.“Não pode continuar esse impasse”Charles Alcântara também reforçou sua opinião de que o governo Ana Júlia precisa urgentemente se decidir: ou assume em definitivo a aliança com o PMDB e todas as conseqüências daí decorrentes, ou então rompe em definitivo com o partido de Jader Barbalho. “O que não pode é continuar essa lenga-lenga. Não temos mais tempo a perder com esse impasse”, avaliou o ex-chefe da Casa Civil.A situação de crise atual, de indefinições, de tensionamentos e incertezas quanto ao cenário político-eleitoral que está traçado até a eleição de outubro do ano que vem só beneficia, segundo Charles Alcântara, a oposição. “Nós não podemos cair na trampa [trapaça, armadilha] do PSDB e do DEM, que se aproveitam dessa crise, desse impasse”, recomendou Alcântara.Alcântara mencionou o caso da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) como emblemático dos ajustes que podem ser feitos a partir das tensões e das diferenças naturais entre aliados.Disse que Halmélio Sobral, o primeiro secretário de Saúde do governo Ana Júlia, não foi uma indicação do PMDB, mas uma indicação pessoal do ex-deputado José Priante, que concorrera ao governo do Estado na mesma campanha de 2006, que elegeu Ana Júlia. Além de Halmélio, o adjunto da secretaria era Paulo Priante, irmão do ex-deputado. “Houve um problema sério de orientação. E o Halmélio passou a encontrar dificuldades por causa da presença forte do adjunto. Houve, então, uma composição de forças na base do diálogo, da negociação. Então, conversamos com o deputado Jader Barbalho e assumiu como adjunto o Paulo de Tarso, um companheiro do partido [PT]. Aí, então, aquilo que era uma indicação pessoal se transformou numa indicação partidária”, explicou Alcântara.
Edilza diz que não saiu por "escaramuça" com Ana Júlia
A professora Edilza Portanto nega que sua saída da Escola de Governo seja resultado de “escaramuça pessoal” com a governadora Ana Júlia Carepa. A troca, segundo a ex-diretora, é apenas “produto de uma repactuação política do governo que, como se sabe, ainda não foi concluída”.
Edilza também ressalta sua experiência administrativa, diz que sua indicação para a Escola de Governo não deriva do fato de ser comadre da governadora e diz que as marcas de suas gestões “sempre foram a ousadia e a criatividade de relevantes projetos públicos”.
A seguir, a integra da nota que ela remeteu ao blog:
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A respeito de notícias que têm sido publicadas na imprensa e nos blogs, ao longo dessa semana, quanto às especulações sobre minha saída da EGPA, sinto-me no dever de esclarecer alguns pontos, a seguir:
1. Em 1997 assumi a presidência da Fumbel na gestão do prefeito Edmílson Rodrigues e a deixei em 1998, ocasião em que ocorreu uma repactuação interna entre as forças políticas do PT. Minha indicação àquela fundação em 1997, fez parte do acordo articulado entre o então Vereador Raul Meireles do PT junto aos grupos que se organizavam em torno da Vice-Prefeita Ana Júlia Carepa, dentre os quais se incluía a DS, em fase embrionária de organização no Pará, e a tendência petista "Força Socialista", da qual fazia parte o prefeito. Para ampliar a sustentação política interna, o prefeito precisou repactuar a gestão em 1998 e, entre outras negociações internas, solicitou a Fumbel como parte dessa negociação.
2. A minha saída da Escola de Governo - EGPA, recentemente obedeceu à mesma lógica, só que, dessa vez, para além do PT. A gestão da EGPA foi entregue a um partido da base aliada, o PRB, e seu diretor recém-nomeado é vinculado a esse partido, com o objetivo de ampliar a base de sustentação do governo, situação normal do jogo político e democrático. Portanto, assim como em 1998, a mudança atual não foi resultado de escaramuça pessoal com a governadora Ana Júlia Carepa, mas produto de uma repactuação política do governo que, como se sabe, ainda não foi concluída.
3. Entre a gestão da Fumbel (1997/1998) e a gestão da EGPA (2007/2009), assumi outros cargos na administração pública federal, no caso pela Universidade Federal do Pará, na condição de gestora. A Fumbel e a EGPA não foram, portanto, minhas únicas experiências administrativas.
4. Em todas essas experiências, assumi com zelo público e hombridade, o que pode ser constatado pelas prestações de contas que fiz de minhas gestões. Não há em qualquer instância nenhum processo ou ressalva de malversação dos recursos públicos ou situações afins. Foi essa condição que me levou a ser convidada em 2007 para compor o governo estadual, além de minha competência técnica. Portanto, sem nenhuma vinculação a qualquer situação de parentesco ou de "compadrio" com a Governadora Ana Júlia Carepa, como insinuam alguns formadores de opiniões de nossa terra.
5. As marcas de minhas gestões sempre foram a ousadia e a criatividade de relevantes projetos públicos, como posso citar o projeto "Moleque Pandeiro" na Fumbel até hoje considerado uma experiência inovadora na área cultural. Na UFPA, contribuí decisivamente pela ampliação dos convênios do Fundeb aos interiores, aumentando a capacidade de interiorização desta Universidade. Recentemente, na EGPA, além de ter ampliado o diálogo desta instituição com a sociedade, instituí um inédito projeto de regionalização seguindo os princípios que norteiam o governo que é o de ampliar às 12 regiões de nosso Estado, o acesso ao bem público.
Essas são considerações que faço em defesa da informação e solicito que se tornem públicos, a bem da verossimilhança dos fatos citados. Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos que assim desejarem.
Profª. Drª. Edilza Fontes
Disputa encarniçada e “repactuação”: a mesma coisa
O “Repórter Diário”, do Diário do Pará, informa hoje que Eda Fontes foi exonerada pela governadora Ana Júlia de uma das diretorias da Secretaria de Desenvolvimento Social.Eda é irmã da professora Edilza Fontes, que já foi sacada da Escola de Governo, onde ocupava o cargo de diretora-geral.Edilza ainda não disse, mas pretende, legitimamente, ser candidata a deputada estadual pela Democracia Socialista, a tendência do PT à qual ela pertence, juntamente com a própria Ana Júlia.A professora, em carta que o blog publicou nesta terça-feira (16), garantiu que sua saída não se deve a qualquer “escaramuça” entre ela e Ana Júlia. Deve-se apenas a uma “repactuação” interna do governo.Pode ser.Mas é certo que Edilza, com sua condição de aspirante a candidata, bate de frente com o núcleo duro do governo, que pretende impor a candidatura do secretário Edilson Moura a deputado estadual.A saída de Eda Fontes pode ter relação direta com essa disputa encarniçada no seio da DS.Disputa encarniçada ou, se quiserem, “repactuação”.Neste caso, dá no mesmo.
Documento pró-Jatene recolhe assinaturas
Todos os dez deputados estaduais da bancada do PSDB na Assembléia Legislativa – Alexandre Von, Ana Cunha, André Dias, Bira Barbosa, Bosco Gabriel, Ítalo Mácola, Manoel Pioneiro, Suleima Pegado, Tetê Santos e o líder José Megale – já assinaram documento de apoio à escolha do ex-governador Simão Jatene como o candidato do partido à eleição do próximo ano.Além deles, também já assinaram o documento dois deputados federais – Zenaldo Coutinho e Wandenkolk Gonçalves. Nilson Pinto, o outro representante do PSDB na Câmara dos Deputados, já ofereceu demonstrações explícitas, dentro do partido, de que apoia as pretensões do senador Mário Couto de ser o candidato da legenda ao pleito do próximo ano.É possível que o documento, após receber as adesões de prefeitos e de outras lideranças do partido, seja divulgado publicamente até o final desta semana. Seu teor é sóbrio. Não há ataques ou a mais remota crítica ao senador Mário Couto. Mas relaciona as razões pelas quais os signatários entendem que Jatene é o melhor nome que o PSDB do Pará dispõe no momento para encarar a disputa eleitoral no próximo ano.“Mais de uma vez falei com Jader”O Blog do Bacana colocou no ar, nesta terça-feira (16), um longo bate-bapo de seu editor, Marcelo Marques, com Jatene.O ex-governador aposta que a construção de candidaturas – inclusive e sobretudo a sua, evidentemente – decorrem de “projetos coletivos”, e não de individualismos. Nesse sentido, ele garante não se opor à candidatura do senador Mário Couto em 2010, “se o coletivo estiver com ele”. “Mas estou e sempre estarei aberto ao entendimento. Temos de ver com quem está o partido, para que lado estão as lideranças. Faça uma pesquisa, avalie e me diga", acrescentou Jatene.Sobre a aliança com o PMDB, Jatene respondeu: “Mais de uma vez falei com Jader, sobre os interesses do Estado, sobre a posição das bancadas do PMDB e PSDB na Alepa. Claro que queremos o PMDB como aliados, acho que a base do partido quer, sinto isso com os amigos que tenho dentro do PMDB e se manifestam favorável a esta aliança. Agora, o Jader tem o seu estilo de liderar e este estilo é muito discreto, mas de minha parte vamos nos esforçar para ter o PMDB conosco.”E sobre a aliança com o DEM?Disse Jatene: “Temos tantos desafios neste Estado! Uma pessoa com o mínimo de responsabilidade sabe que ninguém, nenhuma força política ou partido pode governar sozinha. Então estamos falando com o DEM e vamos falar com vários outros partidos para tentar compor um leque abrangente."“Avaliação de Gabriel é injusta”O ex-governador considerou “equivocada e injusta” a entrevista em que Almir Gabriel acusou-o de fazer “corpo mole” na eleição de 2006. Mas insistiu que nem por isso deixou de ter 0 ex-governador em elevada conta.“Não vou negar que fico triste. Acho que a avaliação de Gabriel é equivocada e injusta, mas acho que todos têm o direito à sua opinião. Tenho o maior respeito pelo Gabriel, reconhecimento pelo seu trabalho e sua liderança. Por que deixei de ser candidato a reeleição para dar lugar a ele? Porque entendo e entendi na época que o melhor é sempre o projeto coletivo, não o individual, e naquele momento tinha certeza que Almir poderia fazer muito por este estado, como aliás fez em seus dois governos", afirmou Jatene.À provocação feita pelo Bacana para que avalie o governo Ana Júlia, Jatene respondeu: “A mudança pela mudança dá no que deu. Veja bem, você lembra do caso da Santa Casa? Por que aconteceu aquilo? Quando estávamos no governo, tínhamos um programa chamado Médico 24 Horas, com repasse de recursos para as prefeituras pagarem estes médicos que atendiam lá em seus municípios. Tínhamos um programa de transferência de medicamentos para as cidades, ou seja, isso fazia com que não viessem tantas pessoas para serem atendidas na capital; não era preciso, só em último caso. Começamos a fazer os hospitais regionais. Tudo isso evitava esse inchaço na Santa Casa e consequentemente esses problemas. Mas terminaram com os projetos, deu no que deu. Acho que alguns projetos que beneficiam a população nenhum governante tem o direito de encerrar. Agora, compare os índices de nosso governo, veja os números, veja as realizações, os serviços, os projetos, compare
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