quarta-feira, 17 de junho de 2009

PERERECA 2 PSDB DIVIDIDO

Flexa
DESMENTIDO
O senador Flexa Ribeiro, presidente estadual do PSDB, telefona ao blog para desmentir episódio relatado no post “Racha2”. Flexa garante que não é verdadeira a informação de que teria sido agredido, ao telefone, pelo senador Mário Couto. “Esse episódio nunca aconteceu”, afirmou. Flexa esclareceu, também, que não está negociando, com quem quer que seja, a sua reeleição. “Como presidente do partido, não estou buscando a reeleição, mas, a unidade partidária, para que possamos retomar nosso projeto de governo, que foi interrompido”, observou. “A minha relação com ambos (Mário Couto e Simão Jatene) é muito boa; não permite esse tipo de tratamento”, acrescentou o senador, acerca das ofensas que lhe teriam sido dirigidas por Mário Couto. A Perereca esclarece que o episódio foi relatado ao blog por um parlamentar, que garantiu ter ouvido o relato do próprio Mário Couto. De qualquer forma, peço desculpas aos leitores e, principalmente, ao senador Flexa Ribeiro. E aproveito para agradecer a gentileza e a atenção do senador.


Pensando, pensando...
Em 2006, como todos sabem, apoiei a candidatura da minha xará, Ana Júlia Carepa.
E senti enorme alívio com o resultado das urnas. Afinal, todos os que estávamos na linha de frente daquela batalha sabíamos o inferno que nos aguardava, caso Almir Gabriel tivesse conseguido vencer as eleições. O pavor que sentiam os tucanos era, portanto, o mesmíssimo que sentíamos - sem tirar nem por. Lembro, no entanto, que nem todo esse alívio permitiu que a minha alegria fosse completa. Tive de andar a confortar – e até a defender – amigos tucanos que estavam atarantados com aquela derrota. Emprestei o ombro a muita gente. Tentei levantar o ânimo de tantos outros. E sei que muitos dentre nós agiram assim, também. Afinal, é humana essa empatia diante da dor alheia... Estranhamente, porém, em meio ao desespero que se abateu sobre os arraiais tucanos, em 2006, não se ouviu uma só palavra de consolo, vinda, justamente, de quem mais deveria consolar: o grande líder Almir Gabriel... Pouco depois da derrota nas urnas, Almir deixou o Pará a bordo de um silêncio acachapante. Em sua dor – que lhe parecia, talvez, a única do universo... - não se lembrou de dizer um simples obrigado aos eleitores que depositaram nele o voto e a esperança. Não disse um mísero obrigado aos militantes tucanos que se mantiveram nas ruas até o fim. Almir, simplesmente, se foi. Como se não tivesse nada a ver com a tristeza de seus companheiros. Como se a incerteza que muitos sentiam em relação até mesmo à sobrevivência não lhe dissesse respeito. Como se não tivesse nada a ver com o sonho que, uma vez, os fez sonhar... Almir, simplesmente, se foi. Feito um comandante que resolvesse ir plantar flores na Martinica, deixando seus exércitos exangues, no campo de batalha. Mas, com o passar do tempo, os tucanos paraenses foram conseguindo, ainda que aos trancos e barrancos, se reorganizar. Ao longo de três anos, recolheram os feridos, consolaram os desesperados, se ajudaram como podiam!...; com o quase-nada que havia a repartir... Dividiram-se em núcleos de ação, definiram estratégias – algumas delas verdadeiramente impressionantes do ponto de vista de um partido que nunca caminhou com as próprias pernas... E, a partir de todo esse esforço, de toda essa solidariedade, conseguiram apoquentar, todo santo dia, a governadora petista... Não deram trégua um só minuto a minha xará!... – num jogo limpo, democrático, de altíssimo nível, diga-se de passagem. E quem acompanha esse jogo fica com a impressão de que o PSDB amadureceu muito mais, como partido, nestes três anos de deserto, do que em doze anos de Poder... Neste final de semana, um deputado tucano contou-me que o partido já vem até discutindo o próprio papel. Não como mero apêndice de um governo – mas, como uma legenda, integrada por milhões de cidadãos, que têm as suas propostas, os seus anseios, as suas críticas e querem fazer valer isso, em qualquer governo que seja. E eu confesso que senti um orgulho danado dos tucanos paraenses, que, em tão pouco tempo, conseguiram conquistar esse “plus” em relação aos democráticos companheiros petistas, com seus trinta anos de luta partidária... Por isso, creio que o PSDB se prepara para representar, no ano que vem, uma verdadeira ruptura histórica no estado do Pará. Para congregar, de fato, todos os que querem transformar, de verdade, este estado. Sem ódio, sem perseguições, com o livre e salutar funcionamento das instituições; com o apoio de militantes de todas as cores – eis que esse partido, geneticamente democrático, visceralmente democrático, tem de ser, de fato, um brilhante arco-íris... Lamento, profundamente, que o nosso líder, doutor Almir Gabriel, tenha preferido as suas orquídeas em Bertioga, a todo esse processo de amadurecimento do PSDB paraense. Talvez até porque as orquídeas não se movem, nem falam. Enquanto que nós, nem tão belos, mas tão humanos, somos capazes de dizer: não senhor!... Lamento, como disse um anônimo neste blog, que Almir, que concebeu um projeto de desenvolvimento para este estado seja o mesmíssimo a enterrá-lo. E só posso é me lembrar do que dizia, há uns 10 anos, a alguns amigos: que o final do doutor Almir seria idêntico ao de Antonio Lemos – sozinho e amargurado... A Almir restou, apenas, o ódio – e o ódio que ele sequer consegue enxergar... Apesar da enorme sapiência, o nosso maior líder tornou-se um cego da amargura. Pois, que outra explicação se pode encontrar para que alguém que pregou tanto a ética e a honestidade possa, de repente, querer eleger o Mário Couto? Por que, então, não eleger logo o Jader? Não é para aloprar?... II Só quem é cego, doido ou mal intencionado não admite que o Pará e o Brasil avançaram – e muito – ao longo destes vinte anos de revezamento entre tucanos e petistas. Uns criam indicadores sociais, os mais enlouquecidos possíveis. Mas, o fato que está na nossa cara, quando abrimos a porta das nossas casas, é que a pobreza diminuiu, o latifúndio já não tem o poder que tinha e a questão social da segurança pública é tratada, exatamente, como questão social. A preservação do meio ambiente transformou-se em pauta estratégica dos governos. A democracia é debatida, no dia a dia, pela sociedade. Exemplo: o financiamento público de campanha. Hoje em dia, já nem discutimos as cotas nas universidades públicas – mas, o corte dessas cotas; se racial, ou se por rendimentos. Já não discutimos a eventual necessidade de doar cestas básicas ao miserável – mas, o retorno, para aquela família e para o corpo social, de tal doação. Já superamos umas quantas discussões tremendas entre nós. Outras, é verdade, ainda estamos no caminho de superar. Sem que nos esqueçamos do respeito que tem de haver entre todos nós. E eu creio que é até por isso que a sociedade brasileira está polarizada entre o PT e o PSDB. A sociedade brasileira se vê em nós; se sente, verdadeiramente, representada por nós. E é por isso que nunca me esqueci daquela frase do grande Fernando Henrique Cardoso – que vocês, petistas, chamam de FHC: a gente briga é pelo comando da massa atrasada. Todos sabemos aonde queremos chegar – possivelmente, ao mesmíssimo lugar. Não queremos – tucanos e petistas – esse desamparo do nosso povo. Não queremos esta bestialidade que tomou conta do Brasil – em todos os sentidos: da ética até à sobrevivência mesma. Queremos é a solidariedade, a paz, a igualdade: afinal, todos tivemos a mesmíssima matriz. E é por isso, companheiros, que não me conformo com a postura do companheiro Almir Gabriel. E eu estava até pensando hoje: os irmãos petistas devem estar se abrindo e dizendo: “Vocês pensavam que só a gente é que tem uma DS, é?” É... A gente encontra esses calos, né mermo?... Mas, companheiros, o Almir representa para nós o que o Lula representa para vocês. E o que é que vocês fariam com o Lula se, de repente, ele pirasse? Pois é... É nessa situação que a gente se encontra!... Como administrar uma liderança desse porte que, de repente, perdeu o senso? Eu, de minha parte, gostaria de ver a Ana e o Jatene se enfrentando em 2010. Porque, qualquer que seja o resultado, e apesar dos erros de um e de outro, estarei mais tranqüila. Recuso-me é a pensar na possibilidade de vitória do Mário Couto. Porque, aí, penso, só restará a todos nós o caminho do aeroporto. E, nessas horas, eu só queria era ter um paraíso em Bertioga, né mermo? E, entre orquídeas e mais orquídeas, não estar nem aí para este cu de mundo que é o Pará. Mas, voltei das “oropas”, depois de sete anos nas “oropa”. E até hoje a minha filha me cobra: “por que me trouxeste pra cá?” E eu tenho de explicar pra ela, todas as vezes, que entre as ruelas do Bairro Alto e de qualquer outro lugar só o que eu me lembro de sentir é um cheiro inebriante a tucupi... E até hoje, quando tomo um tacacá, sinto como que se me recompusesse daquela falta, daquela ausência... Nunca poderei ir-me embora daqui. Sou uma branca “acabocada”: não vivo sem tucupi, sem maniçoba, sem açaí. E estou aqui a pensar no que é que a gente vai fazer para administrar aquele velho doido. Que não assume culpa alguma. Afinal, ele pensa, não foi culpa dele Eldorado; não foi culpa dele o Marcelo, não foi culpa dele a derrota de 2006. Nunca é culpa dele. Nunca! E o pior é que a gente ama esse velho do fundo do coração. O doutor Almir é alguém que nos deu um Norte, em termos da coisa pública, da administração da coisa pública. Daí que a gente nem pode falar com ele cruamente. A gente não pode nem ser mal, cruel com ele. Porque a gente o ama. Sabem, às vezes eu penso como seria bacana uma fusão ou uma aliança do PT com o PSDB. Ás vezes eu acho que aí, sim, a gente avançaria, nesta droga de país, uns 500 anos em cinco. Mas, aí eu me lembro da “massa atrasada”. E do que ela representa eleitoralmente. Com o seu ódio aos homossexuais, aos negros, ao aborto. Com o seu apreço pelos quartéis. E a vontade de dominar, a tudo que não seja considerado “normal”... E aí eu penso que é melhor que a gente esteja separado, mesmo, porque damos a ilusão, a essa gente, de que pensamos diferente. Vocês não imaginam, companheiros, a dor que é se livrar de um Lula. Vocês não imaginam, companheiros, a dor que é se livrar de um Almir Gabriel! FUUUIIIIII!!!!!!!



Racha2

Tucanos negam divisão
I
Campeão em sapateado de catita, o PSDB fez de tudo para esconder a gravidade da disputa interna que opõe o senador Mário Couto ao ex-governador Simão Jatene.
Mesmo na quinta-feira, já com a presença, em Belém, do presidente nacional do PSDB, para tentar apaziguar os ânimos, lideranças tucanas ainda tentavam minimizar a dimensão do problema.
“Não existe isso de ‘fumar o cachimbo da paz’; não há uma briga pessoal, mas, dois postulantes ao Governo”, disse-me um deputado estadual, “E a gente está discutindo isso com a maturidade que a democracia requer”.
Segundo ele, os tucanos têm clareza da importância de ambos – Jatene e Couto.
Mas, observa:
_Após as eleições, começamos a construir uma unidade partidária. Tínhamos de buscar uma liderança e fomos com o Jatene, pelo que ele representou para o Pará. Ele fez um governo sem apoio federal, que tentou até prejudicar a administração dele. E mesmo assim Jatene fez um governo competente, com marcas extraordinárias e terminou o mandato com altos índices de aprovação popular.
O deputado salienta que Jatene teve a possibilidade de se candidatar à reeleição e não o fez, “em função da unidade partidária”. Além disso, sustenta, Jatene representaria, hoje, a “esperança” da sociedade paraense, em função do “fiasco” da administração petista.
Essa, aliás, seria a convicção dos dez deputados estaduais tucanos, todos unidos em torno de Jatene.
“Não temos nada contra o Mário Couto”, disse o deputado, “Temos muito respeito por ele, mas, achamos que Jatene representa o sentimento da sociedade paraense”.
E arrematou: “Nosso candidato será um só, sem brigas; estaremos todos juntos, no ano que vem”.
Dono de uma competência técnica reconhecida até nos arraiais petistas, Jatene seria, hoje, o candidato predileto dos prefeitos tucanos & aliados. Teria, também, maioria entre os filiados do PSDB, incluindo os históricos.
Mas, e se, ainda assim, o senador Mário Couto mantiver a sua candidatura?
“Não há a menor hipótese de uma disputa na convenção”, afirmam dois emplumadíssimos tucanos. Segundo eles, o partido sequer trabalha com a hipótese de Couto e Jatene “baterem chapa” na convenção.
No máximo, confidencia um deles, haverá uma prévia partidária – um fato também inédito no PSDB paraense. “Mas, ainda esperamos um entendimento antes disso”, assinala.
E quanto ao ex-governador Almir Gabriel?
Um deles responde: “Almir é um nome respeitado por todos. Aqui e no Brasil, ele tem o reconhecimento da importância da liderança dele, do trabalho que fez. Ele tem de ser preservado disso”.
O outro tucano, com certa razão, pondera que nem é assim tão dramática a existência de dois pré-candidatos fortes ao Governo Estadual. “Ruim seria é se não tivéssemos nenhum”, observa.
O problema, então, parece ser o patamar em que se travará tal disputa – que deve se acirrar mais e mais daqui pra a frente.
Daí que esse tenha sido um dos pontos de pauta das reuniões do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, com Mário Couto, Almir Gabriel e Simão Jatene.
“A vinda do Sérgio Guerra foi exatamente no sentido de que a campanha interna seja feita num nível que permita definir o candidato e que os dois estejam juntos”, contou um tucano, “Nosso adversário está fora, não dentro do partido. É válida a postulação de um candidato, mas, temos de ter um trabalho de união. A discussão não pode conter ataques pessoais”.
II
Difícil, porém, é acreditar que Mário Couto mantenha essa disputa, no saudável patamar das competições democráticas.
Afinal, foi do senador que partiram ataques pesadíssimos contra Jatene, acusado, com todas as letras, de traição, durante um almoço, no sábado, no Residencial Parque Verde (leia o post Racha1).
Além disso, a própria agressividade de Couto desautoriza a imaginar que ele possa assumir, eventualmente, um perfil “paz e amor”.
“Há pouco tempo”, diz-me uma fonte, “o Mário estava no interior e o Jatene foi se encontrar com o Sérgio Guerra, em Brasília, sem que ninguém soubesse. A pedido do Flexa (senador Flexa Ribeiro, presidente estadual do PSDB) o Guerra se encontrou com o Jatene, no cafezinho do Senado. Mas, alguém viu e avisou o Mário. E ele, então, agrediu o Flexa, por telefone”.
Segundo a fonte, Couto teria dito, aos berros, ao conciliador e recatado Flexa Ribeiro: “Seu FDP!... Retiro a promessa da tua reeleição. Tu não vais te eleger nem a vereador!”.
Outro problema seria a tentativa de Couto de forçar uma decisão “de cima pra baixo”, no Pará. Quer dizer, vinda a partir da direção nacional do PSDB.
“O Mário já disse que, se até junho isso não estivesse decidido (a candidatura dele pelo PSDB paraense), ele pediria um ano de licença. Com isso, quem assume é o Demétrius Ribeiro (o primeiro suplente de Couto). E isso, eu creio, é para forçar as coisas, via Brasília”, contou a fonte.
Também segundo ela, já até haveria uma tendência pró-Couto na direção nacional do PSDB: “Ele (Couto) está permanentemente em Brasília e isso cria um vínculo com os parlamentares do partido”, observa.
E seria esse prestígio junto ao PSDB nacional que Mário Couto estaria se preparando para demonstrar, em seu casamento, no próximo dia 18, em Belém.
Couto estaria tentando trazer ao casório deputados e senadores do PSDB e até o principal pré-candidato tucano à Presidência da República, José Serra – desde sempre, a menina dos olhos de Simão Jatene...
Se isso acontecer, será um grande feito de marketing político.
Porque, mesmo que não tenha, realmente, o apoio de todas essas lideranças às suas pretensões ao Governo Estadual, o senador passará à opinião pública e aos correligionários interioranos a certeza desse prestígio.
Exatamente como aconteceu naquele almoço, no Residencial Parque Verde – do qual, na verdade, alguns dos duzentos convivas saíram é embasbacados com o tom das críticas de Couto a Jatene.
Difícil, também, é acreditar que Mário Couto desista de suas pretensões, mesmo que uma prévia do PSDB indique ampla vantagem a Jatene.
Não apenas pelo apoio incondicional do ex-governador Almir Gabriel.
Mas, também, porque, lá pelas tantas, talvez possa até contar com o apoio do “mui amigo” PT.
Como, aliás, já aconteceu nas “intervenções brancas” dos petistas em outros partidos – o que, quer se goste ou não, não deixa de ser inteligente e democrático...
De resto, é improvável que a direção nacional do PSDB resolva, de fato, queimar pestanas em torno do que é melhor para o Pará ou para o PSDB do Pará.
E isso não apenas em relação à direção do PSDB, mas, do PT, do PTB, do DEM – e de quaisquer outras legendas.
Porque daqui todos só se lembram, de fato, na hora de subtrair as riquezas.
E só.

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