domingo, 24 de maio de 2009

BARATA DO MAL.


CORRUPÇÃO – Denúncia compromete governo
Pode até ser retaliação do PMDB, por se tratar do jornal da família do ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do partido no Pará, que cobra mais espaço no governo Ana Júlia Carepa, mas está longe de soar inverossímil a denúncia do Diário do Pará sobre corrupção na Sema, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Inclusive quando relaciona o secretário do Meio Ambiente, Valmir Gabriel Ortega (à esq., em foto do site do governo), que está com a cabeça a prêmio, a Marcílio de Abreu Monteiro, o todo-poderoso secretário de Projetos Estratégicos, ex-marido da governadora Ana Júlia Carepa, da qual é o lua-preta supremo.As suspeitas de corrupção na Sema, na administração de Ortega, são recorrentes, como recorrentes são as denúncias que frequentemente vinculam Monteiro a doações ilegais de campanha de madeireiros. Ambos, é claro, merecem o benefício da dúvida, mas a persistência das denúncias nessa altura recomendam, politicamente, o afastamento de ambos do governo, para preservar a credibilidade que possa restar a governadora Ana Júlia Carepa, protagonista de uma administração desastrosa, com sucessivos deslizes éticos e submersa em um patético isolamento político, inclusive dentro do próprio PT. Ana Júlia está pagando o preço de ser a governadora não do Pará, mas da DS, a Democracia Socialista, tendência interna do PT, da qual faz parte e que, por isso, comanda a máquina administrativa estadual.

CORRUPÇÃO – Diário do Pará abre a caixa-preta
Assinada por Luiz Flávio, um competente e experiente jornalista, a matéria abre a caixa-preta da corrupção na Sema, citando previsivelmente fontes em off. Recorda que Ortega foi uma indicação da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, com a intenção de verticalizar a gestão ambiental no Pará.E acrescenta que juntamente com o secretário vieram outras pessoas, de outros Estados, que ocuparam cargos estratégicos na secretaria.A partir daí, segundo uma fonte citada em off, é que se dá a tramóia. Obedecendo a estratégia de criar dificuldades para vender facilidades, essas pessoas teriam deixado o setor madeireiro engessado por quase dois anos, sem a liberação de projetos de manejos. Depois, segundo a denúncia, essas mesmas pessoas deixaram a Sesma, para abrir escritórios de consultoria, hoje a serviço dos madeiros. Estaríamos, assim, diante daquele enredo clássico, no qual não existe vítima que não seja também cúmplice. Corrupção, como bem sabemos, é rua de mão dupla - acontece quando um oferece e outro aceita, ou quando um cobra e outro concede.

CORRUPÇÃO – Maracutaia sistêmica
De acordo com a revelação feita pelo Diário do Pará, a maracutaia é sistêmica e remete à gestão de Marcílio de Abreu Monteiro como gerente do Ibama (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) no Pará, por indicação da então senadora Ana Júlia Carepa. Na ocasião, sublinha a matéria, o governo federal transferiu algumas das principais atribuições do Ibama para a Sectam (Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente), da qual é sucedânea a Sema, o que ocorreu de forma intempestiva, açodada, segundo afirma uma fonte do jornalista.A denúncia relata que, juntamente com os planos de manejo, também foram transferidos para o Estado, na ocasião, os créditos já autorizados pelo Ibama, “devidamente turbinados”, como é sublinhado. “Quem tinha, por exemplo, 10 mil metros cúbicos de madeira autorizados pelo Ibama, na transferência para a Sema (sic) aparece no sistema com 30, 40 mil metros cúbicos liberados”, conta um funcionário do próprio Ibama, naturalmente abrigado no anonimato.


CORRUPÇÃO – Antecedentes comprometedores
Valmir Gabriel Ortega é um nome novo na lista de suspeitos de corrupção na qual figuram petistas ilustres do Pará, acusados de facilitar a devastação da floresta amazônica, em troca de propinas. Mas o mesmo não se pode dizer de outras tantas personagens do PT, incluindo a própria Ana Júlia Carepa (à dir. em foto da revista Veja) e Marcílio de Abreu Monteiro, seu ex-marido e mentor político, além de Maria Joana da Rocha Pessoa, apontada como caixa de campanha da governadora, que administra o Hangar, o faraônico centro de convenções do Estado. Sem esquecer o deputado federal Zé Geraldo e o deputado estadual Airton Faleiro, líder do governo na Assembléia Legislativa.Em sua edição de 15 de junho de 2005, por exemplo, em uma matéria intitulada “O PT deu a senha para desmatar”, a revista Veja relatou, pormenorizadamente, como funcionava no Pará a corrupção na área ambiental e nominou os suspeitos. Menos de um ano depois, em sua edição de 1º de março de 2006, Veja retomou as denúncias, aprofundando-a, na matéria que teve por título “A floresta pagou a conta do PT”.


CORRUPÇÃO – A tramóia revelada
Na sua primeira matéria em torno das denúncias de que o PT patrocinava a devastação florestal em troca de propina dos madeiros, Veja revelou como se daria a tramóia no Pará. Dentre os nomes citados, figuram os deputados Zé Geraldo e Airton Faleiro.“No Pará, um esquema envolvia três candidatos a prefeito nas eleições municipais do ano passado e dois deputados, todos petistas, além de funcionários do Ibama, Incra, madeireiros e sindicalistas. Os três candidatos a prefeito pelo PT, apurou a reportagem, teriam recebido pelo menos 300.000 reais de madeireiros, às vésperas das eleições, em troca de autorização do Ibama para derrubar madeira ilegal. São eles: Paulo Medeiros, de Uruará; Chiquinho do PT, de Anapu; e Lenir Trevisan, de Medicilândia”, denunciou a matéria, acrescentando: “O esquema, segundo um representante do Sindicato dos Reflorestadores do Estado do Pará (Sindifloresta), era intermediado pelo deputado federal José Geraldo e pelo deputado estadual Airton Faleiro, ambos ligados ao Ibama.”

CORRUPÇÃO – Adesivo servia de salvo-conduto
A denúncia da Veja foi contundente. “Os métodos usados pelo grupo eram de um descaramento nunca visto mesmo para os padrões de fronteira sem lei que costumam imperar nos rincões da Amazônia”, assinalava a matéria da revista, que detalhou como se dava a tramóia, citando inclusive o recurso do uso de um adesivo, como salvo-conduto que pavimentava a corrupção.“Funcionavam da seguinte maneira: um grupo de agricultores ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) fazia o desmate ilegal de suas terras, com a conivência de funcionários do Incra e a assessoria da empresa de engenharia florestal HB Lima. Os agricultores vendiam madeiras nobres (como mogno, jatobá e cedro) a 22 empresas da região. Para que as árvores – ilegalmente derrubadas e, portanto, sem a respectiva autorização para o transporte de produtos florestais (ATPF) – passassem pelos postos de fiscalização, o grupo inventou um expediente inacreditável para membros de um partido que chegou ao poder com a missão de moralizar o trato da coisa pública. Mandou fazer um adesivo com os dizeres: ‘oPTante do Plano Safra Legal 2004’ – assim mesmo, com as letras P e T em maiúsculo. Pregado no pára-brisa dos caminhões do esquema, o adesivo atestava o conluio dos donos da carga com os petistas e funcionava como salvo-conduto para a madeira proibida. Em contrapartida, os madeireiros faziam ‘contribuições’ à campanha dos candidatos do PT.”, relata a denúncia. “O presidente da Associação das Madeireiras dos Municípios de Anapu e Pacajá, Leivino Ribeiro, disse a VEJA que seu grupo gastou, ‘na parceria com o PT’, 2 milhões de reais, incluindo as doações às campanhas dos candidatos e o custo dos procedimentos ‘para documentar a madeira’”, acentua também a revista.


CORRUPÇÃO – Os bastidores da CPI da Biopirataria
Menos de um ano depois Veja retomou as denúncias, em uma matéria sobre a CPI da Biopirataria, na qual citou o atual secretário de Projetos Estrégicos, Marcílio de Abreu Monteiro (à esq., em foto do site do governo), então gerente executivo do Ibama no Estado, por indicação de Ana Júlia Carepa, como chefe do esquema de desmatamento ilegal no Pará. “Embora um acordo costurado entre parlamentares tenha poupado Ana Júlia e seu ex-marido de um pedido de indiciamento no relatório, a investigação da CPI esbarrou em uma série de indícios comprometedores para a dupla”, salientou Veja.A matéria aprofunda, então, as denúncias. “Logo no início das investigações, a comissão recebeu de um sindicalista da região a denúncia de que parte da propina paga pelos madeireiros para conseguir autorizações para o desmate e o transporte ilegal de madeira era depositada em contas bancárias de uma assessora da senadora, Maria Joana da Rocha Pessôa. Obtida a quebra do sigilo da funcionária, descobriu-se que, apenas em 2004, ela havia movimentado, em duas contas, uma quantia superior a 2 milhões de reais. O valor é dezesseis vezes mais alto do que a renda anual que Maria Joana declarou à Receita Federal: 124.800 reais”, revelou a revista. “Além disso, extratos bancários analisados pela CPI revelam que contas da assessora passaram a receber cada vez mais dinheiro à medida que se aproximavam as eleições. ‘Essa movimentação voltava a cair com a passagem do pleito’, afirma o relator da comissão, José Sarney Filho (PV-MA). A CPI não conseguiu rastrear a origem do dinheiro que alimentou as contas milionárias de Maria Joana: a maioria dos depósitos foi feita em dinheiro vivo. Um clássico petista”, complementou a matéria.

CORRUPÇÃO – Joana Pessoa e os madeireiros
Veja também revelou a desenvoltura com que se movimentava Maria Joana da Rocha Pessoa. “A intimidade da assessora da senadora com o setor madeireiro ficou evidente na quebra do sigilo telefônico das treze linhas registradas em seu nome. A CPI identificou quase uma centena de chamadas de Maria Joana para empresas do setor, todas elas envolvidas no esquema petista, batizado pela CPI de ‘esquema da Safra Legal’. O nome tem origem em um programa do Ibama do Pará, supostamente implantado para regularizar a retirada de madeira de assentamentos no estado. Conforme revelou a reportagem de VEJA no ano passado, o símbolo do projeto – um adesivo nas cores verde e branco com a inscrição ‘oPTante do Plano Safra Legal’ (com as letras "p" e 't" da primeira palavra em destaque) – foi utilizado como uma senha para que os caminhões envolvidos no esquema, carregados de madeira ilegal, fossem dispensados de fiscalização”, relata ainda a matéria da revista.A matéria da Veja prossegue com a revelação de mais detalhes. “Depoimentos de caminhoneiros, colhidos pela CPI, confirmam que os motoristas foram obrigados a colar o selo no pára-brisa – alertados de que, sem ele, estariam impedidos de trabalhar. O esquema da Safra Legal funcionou de novembro de 2004 a abril de 2005. A CPI estima que, por meio dele, mais de 220.000 metros cúbicos de madeira tenham sido ceifados e transportados ilegalmente. O volume seria suficiente para encher 6.000 carretas de toras”, acrescentou a denúncia. “O relatório da CPI pede ao Ministério Público o indiciamento de sete pessoas, cinco delas ligadas ao PT. São elas: Leivino Ribeiro de Souza, idealizador do selo que servia de salvo-conduto para a madeira ilegal e caixa de campanha do candidato a prefeito em Anapu Chiquinho do PT, que também teve solicitado o seu indiciamento; Elielson Soares de Farias, ex-gerente do Ibama em Altamira, filiado ao PT e indicado ao cargo pelo partido; Bruno Kempner, executor do Incra na cidade de Altamira, filiado ao PT e indicado ao cargo pelo partido; e Sílvio César Costa de Lima, caixa de campanha de candidatos do partido na região da Transamazônica. As outras duas pessoas que tiveram o indiciamento pedido no relatório são a engenheira florestal Sidiane Costa de Lima, acusada de assinar laudos falsos que permitiam o desmatamento ilegal; e Gracilene Lima, uma das sócias da empresa que coordenou a execução do plano Safra Legal no Pará”, arrematou a reportagem.


CORRUPÇÃO – Depoimento revelador
Em sua edição de 1º de junho de 2005, Veja reproduz trechos da conversa em que um representante do Sindicato dos Reflorestadores do Pará conta ao então deputado federal João Batista Araújo, o Babá, como funcionava o esquema em que madeireiros davam dinheiro ao PT em troca de autorização para cortar madeira ilegal.Segue a transcrição do depoimento.Deputado Babá: "Como era essa história do adesivo?"Representante dos reflorestadores: "O pessoal intitulou o acordo de 'Optante do safra legal', com destaque para a sigla do PT no adesivo. Os caminhões com esse adesivo iam sem ninguém perturbar. Só em Anapu foram mais de 100 mil metros cúbicos de madeira nesse esquema (...)"Babá: "Mas por que o Ibama liberou toda essa madeira? Vocês deram apoio para o PT na região?"Representante dos reflorestadores: "Foi dado apoio, sim. Estou falando isso como sindicalista, sou do Sindifloresta, participei das negociações, mas estou achando uma grande sacanagem!"Babá: "Mas tinha contrapartida financeira?"Representante dos reflorestadores: "Eles (PT) aproveitaram o momento para pedir apoio. O setor madeireiro tem muito voto e também deu apoio financeiro."





Sexta-feira, 22 de Maio de 2009

SAÚDE – Cai Laura Rossetti
Segundo revela a versão online do Diário do Pará, o jornal do grupo de comunicação do governador Jader Barbalho, a secretária estadual de Saúde, a médica Laura Rossetti (à dir., em foto do site do governo), entregou o cargo à governadora Ana Júlia Carepa, que aceitou o pedido de demissão. A notícia é das 22h12.De acordo com o Diário do Pará Online, em breve entrevista ao jornal, por telefone, Laura Rossetti declarou que foi uma decisão “muito pessoal”. A secretária demissionária, acrescenta ainda a notícia, não forneceu maiores detalhes sobre a audiência com a governadora, ocorrida no início da noite desta sexta-feira, 22, no Palácio dos Despachos.

SAÚDE – “Eu sou uma técnica”
O Diário do Pará Online relata ainda que, indagada a respeito, Laura Rossetti recusou-se a relacionar sua demissão à queda-de-braço entre o governo Ana Júlia Carepa e o PMDB, em torno da pretensão peemedebista de uma revisão na partilha da máquina administrativa estadual. “Eu sou uma técnica. Tenho perfil técnico. Nunca me envolvi com política. Deixo isso para os políticos”, assinalou a secretária demissionária, de acordo com o jornal.A disputa pela revisão da partilha de cargos foi agravada pelo colapso do Hospital Ophir Loyola, que figurava na cota do PMDB no governo e cujos diretores entregaram os cargos, em bloco, diante da divulgação de uma auditoria, feita pela Auditoria Geral do Estado, atribuindo a crise ao empreguismo patrocinado pelos peemedebistas. A partir daí, a bancada do PMDB na Assembléia Legislativa passou a fazer carga contra a administração de Laura Rossetti na Sespa, a Secretaria de Estado de Saúde Pública, acentuando que a secretária havia sido uma indicação pessoal da governadora, sem nenhuma relação política com o partido.

SAÚDE – Daniele Cavalcante seria a substituta
De acordo com as especulações, arremata a notícia do Diário do Pará Online, Laura Rossetti deverá ser substituída pela secretária-adjunta, a médica Daniele Cavalcante. Esta é descrita como uma pessoa irascível e prepotente, mas que seria da confiança pessoal de Ana Júlia Carepa.
A principal crítica à gestão de Laura Rossetti residia em atribuir-lhe um papel decorativo na Sespa. Ele seria refém da DS, a Democracia Socialista, a tendência interna do PT da qual faz parte a governadora Ana Júlia Carepa e que, por isso, apesar de minoritária no partido, nacionalmente e no Pará, detém o comando da máquina administrativa estadual.

PODER – A disputa pelo butim
A crise entre o governo Ana Júlia Carepa e o PMDB resume-se, na verdade, a uma disputa pelo butim, representado pela partilha da máquina administrativa estadual, com naturais desdobramentos nas eleições de 2010. A despeito do aparente frenesi que provoca, entre as partes em litígio, e dos altos decibéis sob os quais é discutida na Assembléia Legislativa, as circunstâncias sugerem que, ao fim e ao cabo, desemboque em um arremedo da Batalha de Itararé, aquela que nunca ocorreu.A disputa certamente debilita ainda mais a já frágil relação entre seus personagens, redobra as desconfianças mútuas e repercute na relação do PMDB com setores do PT que historicamente mantêm diálogo com o ex-governador Jader Barbalho (alto, à esq., em foto da revista Veja), o morubixaba peemedebista. Mas as circunstâncias objetivas, apesar do que possam sugerir as aparências, não sinalizam, necessariamente, para um impasse incontornável. Os iguais se reconhecem e as divergências derivam mais das similitudes que das diferenças.


PODER – Casamento de conveniências
A relação do PMDB com o governo Ana Júlia Carepa se assemelha, mais do que nunca, a um casamento de conveniências, repleto de rusgas, mas do qual ambas as partes não podem prescindir. Até porque aos respectivos interesses, ainda que eventualmente antagônicos, se sobrepõem as conveniências do Palácio do Planalto, ao qual está atado Jader Barbalho e do qual depende visceralmente a governadora Ana Júlia Carepa.Protagonista de uma administração caótica, da qual decorre sua monumental impopularidade, Ana Júlia está, indubitavelmente, politicamente fragilizada, mas detém a caneta que nomeia e demite, além da chave do cofre, o que não é pouco. O PMDB, que no Pará é o nome de fantasia de Jader Barbalho, depende da máquina administrativa para satisfazer a gula dos correligionários do ex-governador, cujo apetite por cargos foi aguçado pelo jejum imposto pelos 12 anos de sucessivos governos do PSDB no Estado. Um jejum que deveria ter um hiato no governo Simão Robison Jatene, em cujo início se deu uma breve trégua entre PSDB e PMDB, que não evoluiu para o armistício e acabou inviabilizada diante das pressões do ex-governador Almir Gabriel, então o tucano-mor do Pará e hoje em um ocaso que recalcitrar em assumir. Almir, que já teve Jader como patrono polítco e por ele foi catapultado para o proscênio político, terminou por elegê-lo seu inimigo figadal, após eleito governador em 1994,sem o apoio do ex-padrinho, mas turbinado pelo ex-governador Hélio Gueiros. Na época, rompido com Jader, com o qual se reconciliou em 1998, Gueiros estava abrigado no PFL e era prefeito de Belém, eleito em 1992, em uma disputa da qual Almir fugira, ao renunciar à candidatura, sob a justificativa de nebulosos impedimentos éticos, que jamais esclareceu.


PODER – A voracidade de Jader Barbalho
Um político sagaz e de inegável carisma, que faz dele um personagem reconhecidamente sedutor, Jader se notabilizou também pela voracidade que revela como ilustre comensal do poder. Uma voracidade estimulada, nas atuais circunstâncias, pelo próprio naufrágio do atual governo, para cuja eleição ele teve uma participação decisiva, e pela perfídia histórica de Ana Júlia Carepa, uma aliada inconfiável, como constatou o ex-governador nas eleições de 2002.Em 2002, a deputada federal Elcione Barbalho, que disputava pelo PMDB uma das duas vagas ao Senado, foi cristianizada por Ana Júlia, favorita na disputa pela outra vaga, para a qual acabou eleita. boicotando, porém, a candidata peemedebista, a pretexto de discordar do acordo celebrado entre o PT e Jader. Com sua memória retentiva, o ex-governador certamente não esqueceu a lição e dela obviamente se recordou, imediatamente, diante do comportamento errático da governadora em relação ao PMDB, às vezes cortejando Jader, outras vezes aproximando-se demasiadamente de inimigos figadais dele, como é o caso do grupo de comunicação dos Maiorana.

PODER – Uma relação ambivalente
No governo, após o período de lua-de-mel política, Ana Júlia passou a manter uma relação ambivalente com o PMDB e, por extensão, com Jader Barbalho. Uma administradora inegavelmente inepta e politicamente desastrada, insuflada por luas-pretas desconectados da realidade, a governadora aparentemente acabou obnubilada por uma ambição que a realidade objetiva não autoriza.Mirando naturalmente em 2010 e antecipando-se à tradição de infidelidade política de Ana Júlia, Jader tratou de se antecipar a ela, ampliando seu leque de opções eleitorais, estabelecendo, por exemplo, diálogo com o ex-governador tucano Simão Jatene. Com isso, ele se tornou, e ao PMDB também, a noiva de muitos pretendentes.


PODER – A traição que aniquilou o governo
Depois do entrevero que ameaçou a reeleição como presidente da Assembléia Legislativa do deputado Domingos Juvenil, o candidato do PMDB avalizado por Jader, este desfechou o golpe que aniquilou politicamente o governo Ana Júlia. O golpe foi desfechado na eleição das duas mais importantes comissões permanentes da Assembléia - a CCJ, Comissão de Constituição e Justiça, e a Comissão de Finanças.Dessa vez Jader, que historicamente sempre cumpriu os acordos celebrados, traiu o acordado com o Palácio dos Despachos. O combinado era que o PT apoiaria a eleição da deputada peemedebista Simone Morgado para presidente da Comissão de Finanças e, em contrapartida, o PMDB avalizaria a reeleição da deputada petista Regina Barata como presidente da CCJ. O Palácio dos Despachos cumpriu o acordado e Simone Morgado foi eleita por aclamação, mas Regina Barata foi inesperadamente derrotada pelo obscuro deputado tucano Bosco Gabriel, com os votos do PMDB, o que desvendou publicamente a reaproximação do PSDB com Jader.


PODER – União trincada
Os danos da derrota foram obviamente devastadores para o governo Ana Júlia, que desde então passou a ser acuado na Assembléia Legislativa pelo PMDB, com o entusiasmado apoio da bancada do PSDB, a maior do Palácio Cabanagem, mas até então politicamente à deriva, em conseqüência da derrota de 2006. Nem por isso o PMDB foi desalojado do governo, a despeito do ranger de dentes de Ana Júlia e sua entourage, e nem Jader Barbalho se viu inibido a fazer prosperar suas conversações com o tucanato, incluindo as mais vistosas expressões do PSDB no Pará, o ex-governador Simão Robison Jatene e o senador Mauro Couto, um ex-bicheiro.A traição, agravada pela corte dos tucanos a Jader, e a postura hostil dos deputados peemedebistas em relação ao governo, fizeram trincar a relação do ex-governador com o Palácio dos Despachos. Sobretudo diante da pretensão de Jader em rever a partilha da máquina administrativa estadual, para melhor satisfazer a gula por cargos e recursos, naturalmente. Pretensão a qual resiste o governo Ana Júlia Carepa - não por prezar a probidade administrativa, mas por temer selar, com isso, o naufrágio das esperanças de obter uma sobrevida em 2010, com um mínimo de autonomia de vôo.

PODER – As nuances da disputa
Essa queda-de-braço tem nuances que favorecem Jader Barbalho. A começar do prestígio que ele exibe no Palácio do Planalto, pela inserção que tem no Congresso Nacional. O que se constitui em um contraponto ao declarado ceticismo do presidente Lula em relação a Ana Júlia.Mas isso não é tudo. A disputa de Jader Barbalho não se dá com o PT, mas com uma fração minoritária da legenda petista, a DS, a Democracia Socialista, a tendência da qual faz parte a governadora Ana Júlia Carepa (à dir., da esq. para a dir., em foto do site do governo) e que por isso, e só por isso, detém o comando da máquina administrativa estadual. Como a DS, ao tomar de assalto o poder estadual, se isolou das demais tendências petistas, Jader poderá preservar seus laços com os setores do partido permeáveis ao ex-governador, ainda que parcela significativa da militância do PT possa lhe ser hostil. Essa resistência tem origem no discurso de passado do PT, abandonado quando o partido chegou ao poder e sofreu o chamado choque da realidade.


PODER – A solidão de Ana Júlia
É aí, exatamente aí, que reside o maior problema de Ana Júlia Carepa – a solidão política. Se romper com Jader Barbalho, qual a opção que poderá restar à governadora? Nem o peso que certamente tem a máquina administrativa é capaz de permitir driblar as adversidades embutidas no isolamento político, como ilustra o naufrágio eleitoral do ex-governador tucano Almir Gabriel, em 2006. A idéia de uma aliança com o PTB do prefeito reeleito de Belém Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu, é uma possibilidade frequentemente mencionada, mas não chega a ser uma alternativa capaz de repor os benefícios eleitorais que embute a parceria com o PMDB, mesmo entre tapas e beijos.Há ainda um problema adicional. Este governo não é precisamente do PT. Trata-se, na verdade, de uma coalizão comandada não pelo PT, mas pela DS, que trata o adversários internos da tendência com um rancor que não devota sequer aos inimigos históricos da legenda, como são, por exemplo, os tucanos. É emblemático, por exemplo, o tratamento desdenhoso dispensado até aqui ao deputado federal Paulo Rocha, uma incontestável liderança do PT, que exibe inegável densidade eleitoral, a despeito do estigma de mensaleiro. Capaz de abrigar e favorecer tucanos empedernidos, os atuais inquilinos do Palácio dos Despachos trataram com desprezo o parlamentar no loteamento político do governo. Paulo Rocha foi recompensado, é verdade, na área federal, mas isso por conta de seus estreitos vínculos com o Palácio do Planalto.

PODER – O preço do equívoco
O preço desse equívoco fatalmente custará caro para Ana Júlia na sua relação com o conjunto do PT. Tanto mais porque, no trato das suas divergências internas, os petistas costumam ser implacáveis em matéria de vendeta. Muito dificilmente Ana Júlia Carepa conseguirá ficar incólume diante da ira que se disseminou no interior do partido, diante da arrogância da DS na sua relação com as demais tendências internas da legenda.O cenário é tão adverso para Ana Júlia e sua trupe, que até na própria DS, como já foi revelado neste blog, é inocultável o clima de salve-se-quem-puder, apesar da profissão de fé, para consumo externo, na reeleição da governadora. Para consumo externo. E só. Quem postula algum mandato na DS, na verdade está é mais preocupado com o próprio pescoço. As preocupações se concentram, nessa altura, é com o caixa de campanha. O que explica o ceticismo generalizado provocado pela contenção de gastos que penaliza o funcionalismo público estadual, interpretada como um mero álibi para a pilhagem.

PODER – Disputa de meliantes
A suspeita de que o discurso de austeridade do Palácio dos Despachos, sob a justificativa da crise econômica mundial, apenas sirva para escamotear propósitos escusos, é ilustrativa do descrédito do governo Ana Júlia Carepa e da classe política também. Descrédito que a queda-de-braço com o PMDB apenas agrava, porque não escapa do eleitorado as motivações torpes que movem as partes.Se confirmada, essa suspeita apenas deverá corroborar – e aí de forma clara, insofismável, inequívoca – o que as evidência sinalizam. Ou seja, a crise entre o governo Ana Júlia Carepa e o PMDB não ultrapassa os limites da disputa pelo butim. Coisa própria dos meliantes políticos.


PODER – Desfaçatez esclarecedora 1
Segundo um chiste célebre, os políticos só costumam falar a verdade quando se acusam mutuamente. Chiste ao qual parecem dar razão o líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado Airton Faleiro (PT), e o líder do PMDB, deputado Parsifal Pontes.A desfaçatez de ambos foi esclarecedora.

PODER – Desfaçatez esclarecedora 2
Em sua proverbial estultícia, Airton Faleiro vociferou que o governo Ana Júlia Carepa não voltará atrás nas auditorias feitas em órgãos sob o comando do PMDB, porque o tratamento, a partir de agora, obedecerá a Lei de Talião – “olho por olho, dente por dente”. Da intervenção do parlamentar petista é justo concluir que, cessadas as hostilidades, prevalecerá a omertà, a solidariedade entre mafiosos, expressa no silêncio sobre um delito, para acobertas os criminosos.Já Parsifal Pontes ratificou seu indisfarçável pendor para a retórica do cinismo. No exato momento em que é revelado que, sob o patrocínio do PMDB, foi inchado o quadro de pessoal do Hospital Ophir Loyola, o deputado bradou que o partido não pauta sua aliança com o governo por empregos. “Queremos espaços políticos”, proclamou, em um eufemismo que certamente ofende a inteligência do eleitor.Em resumo: eles se merecem.



CONFRONTO – O ritual da intolerância
Decisão de Justiça não se discute; cumpre-se e, se for o caso, dela se recorre. Sob essa perspectiva, convém ver com reservas o protesto dos moradores do conjunto do Basa ocorrido nesta quinta-feira, 21, tentando impedir a demolição de um muro, para prolongamento da avenida João Paulo II, a antiga 1º de Dezembro. O projeto é polêmico e o confronto parece obedecer o ritual da intolerância, seja pela virulência do protesto dos moradores, seja pelo eventual excesso da repressão para garantir o cumprimento de uma ordem judicial.Seja como for, o direito à propriedade, alegado pelos moradores, não pode se sobrepor ao bem-estar comum, como em tese se presume ser a expansão da avenida 1ª de Dezembro. Se assim não for, existe sempre a Justiça, em suas diversas instâncias, para julgar o contencioso. O recurso à violência, da qual lançaram mão os moradores do conjunto do Basa, está à margem da lei e na contramão do que consagra os postulados fundamentais da ordem democrática, por mais justa que possa ser eventualmente a causa.

CONFRONTO – As imagens do protesto
No seu protesto, os moradores do conjunto foram além dos limites toleráveis. Queimaram pneus e, de braços dados, tentaram impedir o avanço da Guarda Municipal, como ilustram as imagens levadas ao ar no Jornal Nacional, da TV Globo, da qual é afiliada no Pará a TV Globo.Os moradores atiraram pedras e os guardas usaram spray de pimenta e bombas de efeito moral, mostrou também o noticiário da TV Globo.
As imagens da TV Liberal, que naturalmente abriu mais espaço para o noticiário, por ser local, foram ilustrativas da selvageria que permou a reação dos moradores. Um deles, por exemplo, simplesmente quebrou o vidro frontal de um ônibus, ferindo o motorista. A TV Liberal também exibiu as imagens da execrável e covarde agressão ao seu auxiliar de cinegrafista e a perseguição sofrida, sob ameaças, pelo próprio cinegrafista.

CONFRONTO – A versão do deputado
Ainda na tarde desta quinta-feira, o deputado petista Carlos Bordalo emitiu uma nota, denunciado o “estelionato técnico” no qual, segundo ele, se constitui o projeto de expansão da avenida João Paulo II. O projeto original, acrescenta o parlamentar, não contempla a abertura dessa via, que não comportaria o fluxo de veículos que o prolongamento da avenida propõe. As casas do conjunto, adverte Bordalo, têm paredes geminadas e correm o risco de desabar e trincar com o intenso tráfego de veículos.“O projeto original previa sim a abertura da Rua Moça Bonita, que divide Belém e Ananindeua. O acesso ao conjunto do Basa não traz nenhuma alteração qualitativa para a passagem dos veículos, até porque não está preparada para isso”, acentua Bordalo. “A verdade é que a prefeitura sequer tem preparado um projeto final de pronlogamento da 1o de Dezembro”, acrescenta o deputado, que diz ter viabilizado a intervenção da Assembléia Legislativa junto ao governo estadual, para a liberação de um empréstimo, de modo que a obra chegasse ao viaduto da avenida Dr, Freitas com a avenida Almirante Barroso. Proposta desdenhada, denunciou, pela administração do nefasto Dudu.

CONFRONTO – Truculência execrável
Mas independentemente de qualquer coisa, os moradores do conjunto do Basa ultrapassaram todos os limites toleráveis, já na noite desta quinta-feira, quando agrediram covardemente um auxiliar de cinegrafista da TV Liberal, em uma truculência execrável, porque gratuita e covarde. Uma agressão da qual escapou por pouco o próprio cinegrafista, que precisou correr, para fugir da perseguição de um morador ensandecido, enquanto outro, um gordo bebido e transtornado, trajando apenas short e sandália, agredia, com requintes de selvageria, o auxiliar de cinegrafista.A queixa foi registrada na delegacia da Marambaia pela equipe de reportagem da TV Liberal, cujos profissionais apenas cumpriam a pauta que lhes foi confiada e que tinham por obrigação fazer. Espera-se que a emissora acione sua assessoria jurídica para responsabilizar criminalmente os agressores, cuja punição será importante pelo caráter didático, para não estimular, pela impunidade, covardias semelhantes.

CONFRONTO – Ronaldo Maiorana e as ironias da vida
O episódio da repulsiva e covarde agressão ao auxiliar de cinegrafista da TV Liberal enseja, ironicamente, uma situação constrangedora para a família Maiorana. O episódio fatalmente remete à agressão, igualmente repulsiva e covarde, de Ronaldo Maiorana, um dos diretores do grupo de comunicação dos Maiorana, que inclui a TV Liberal, ao jornalista Lúcio Flávio Pinto, o destemido e solitário editor do Jornal Pessoal, a mais longeva publicação da imprensa alternativa brasileira. Lúcio Flávio e um de seus amigos, que saiu em defesa do jornalista, foram agredidos com a participação de dois seguranças de Ronaldo Maiorana, ambos PMs de carreira.Lúcio Flávio foi agredido pelas costas, sentado, quando almoçava com amigos no restaurante do Parque da Residência. O estopim da agressão foram críticas do respeitado e premiado jornalista ao grupo de comunicação dos Maioranas. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Ronaldo encenou a versão, escandalosamente mentirosa, de que Lúcio Flávio acusara sua mãe, dona Déa Maiorana, presidente das ORM, Organizações Romulo Maiorana, de ter sido prostituta. O diretor das ORM jamais se desculpou e moveu uma série de ações judiciais contra sua vítima, em claras litigâncias de má-fé.


SEDES – A gafe de dona Eutália
A abertura do assim denominado 1º Seminário Estadual de Enfrentamento a Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, ocorrida nesta quinta-feira, 21, no auditório da Unama (Universidade da Amazônia) da BR, acabou por expor publicamente a obtusidade da atual administração da Sedes, a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social.Na ocasião, o promotor de Justiça da Infância e Juventude, Maurício Guerreiro, com a autoridade que sua competência e probidade conferem, questionou o encaminhamento do seminário, começando por acentuar que não era o primeiro do gênero. E lamentou a ausência de representantes do Conselho Estadual da Criança e do Adolescentes e do Pró-Paz Integrado, inconcebível, disse, se a preocupação prioritária fosse, de fato, o cumprimento do ECA, o Estatuto da Criança e do Adolescente, e não apenas cumprir uma agenda política.


ALEPA – A irresponsabilidade de Bira Barbosa
Relator do projeto do Executivo que estabelece o aumento progressivo de taxas de licenciamento ambiental, sob apreciação da CCJ, a Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa, o deputado neotucano Bira Barbosa revelou uma inominável irresponsabilidade, ao não apresentar seu parecer dentro do prazo regimental.Ele pretendeu oferecer como justificativa para sua postura desidiosa o secretário do Meio Ambiente, Valmir Gabriel Ortega, ter se comprometido a enviar posteriormente, por escrito, os esclarecimentos que já havia oferecido verbalmente, ao comparecer na CCJ na terça-feira, 19, para explicar aos deputados razões e detalhes do projeto. A lambança mereceu uma ácida admoestação do presidente da CCJ, o deputado Bosco Gabriel, também do PSDB, preocupado com o atraso – de uma semana – na tramitação do projeto na comissão.


SECOM – Faleiro reforça rumores sobre Fábio Castro
O próprio líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado Airton Faleiro (PT), turbinou as especulações de acordo com as quais deverá ser defenestrado o secretário estadual de Comunicação, professor Fábio Fonseca de Castro (à esq., em foto do site do governo). O parlamentar petista admitiu que se encontra em discussão, nos gabinetes privilegiados do Palácio dos Despachos, mudanças na Secom, a Secretaria de Comunicação, alvo de ácidas críticas de setores do próprio governo e de parcela do PT.Professor adjunto da UFPA (Universidade Federal do Pará), onde coordena o Laboratório de Sociomorfologia, segundo o site do governo, Fábio Fonseca de Castro exibe um brilhante currículo acadêmico, mas padece da ausência de intimidade com o exercício cotidiano do jornalismo. Essa deficiência, aparentemente, não conseguiu ser compensada pela reconhecida experiência de João Vidal, o jornalista que é secretário-adjunto. Talvez, presume-se, pelo perfil imperial de Fábio. Além, obviamente, da postura autocrática, pessoal e politicamente, que caracteriza as cabeças coroadas do governo Ana Júlia Carepa.

SECOM – Muita pompa. E gafes também
De acordo com fontes do próprio Palácio dos Despachos, Fábio Fonseca de Castro é muito cioso de seu status intelectual e demasiadamente acadêmico. Daí, possivelmente, ser pródigo em pompa e gafes.Do ponto de vista estritamente acadêmico, porém, não há reparos possíveis ao nome de Fábio, como evidencia o seu currículo resumido exibido no site do governo. Ele graduoou-se em Comunicação Social pela UFPA, em 1990, tornou-se mestre em Comunicação pela UnB (Universidade de Brasília), em 1994, mestre em Estudos das Sociedades Latino-Americanas (opção Antropologia) pela Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle), em 2000, e doutor em Sociologia pela Université de Paris V (Paris-Descartes), em 2003. Ele é também pesquisador associado do Centre d'Études sur l'Actuel et le Quotidien.


SECOM – Desastre antológico
Fábio Fonseca de Castro foi introduzido no Palácio dos Despachos ainda no início do governo Ana Júlia Carepa, quando substituiu a jornalista Fátima Gonçalves na CCS, Coordenadoria de Comunicação Social, com ares próprio de quem se imagina capaz de reinventar a roda. Ele tem o mérito de ter viabilizado a Secom, a Secretaria de Estado de Comunicação.Ao assumir a CCS, que originou a Secom, Fábio Fonseca de Castro, com uma postura inequivocamente arrogante, não só humilhou Fátima Gonçalves, como fez uma razia, demitindo 19 profissionais. Foi nessa ocasião que protagonizou um episódio vexatório, quando transformou em comédia de gosto duvidoso a campanha dos 113 dias de governo, que incluiu caras peças publicitárias em policromia, com evidentes equívocos em matéria de comunicação, e uma revista – com uma tiragem de 100 mil exemplares, a um custo de R$ 250 mil - repleta de erros de informações, cujo destino foi a cesta de lixo. A revista foi por ele escrita e editada solitariamente, com uns poucos textos de autoria de um restrito grupo de auxiliares da sua confiança.


SECOM – Equívocos recorrentes
Na condução da Secom, Fábio Fonseca de Castro incorreu em sucessivos equívocos, o maior dos quais imaginar que conseguiria cooptar a grande imprensa com verbas publicitárias, perdendo de vista que a atual administração não conseguiria oferecer as facilidades oferecidas, algumas à margem da lei, pelos governos do PSDB. Se os erros decorreram de imposições políticas, ele certamente incorreu em um equívoco crasso, que foi coonestar estultícias de terceiros e ver, assim, sua imagem tisnada.Permaneça ou não na Secom, uma coisa é líquida e certa: é grande o desgaste de Fábio no estrito círculo de poder que gravita em torno da governadora Ana Júlia Carepa, potencializado pelo monumental desgaste do governo. Para esse desgaste talvez contribua a distância que mantém do chefe do Gabinete Civil, Cláudio Castelo Branco Puty, por razões mais do que previsíveis – mesmo o espaçoso Palácio dos Despachos é pequeno demais para comportar, no mesmo espaço, o ego continental de ambos. Com um agravante, que é a confiança que Puty goza junto aos irmãos Maurílio e Marcílio de Abreu Monteiro, este último a eminência parda de Ana Júlia Carepa e, sob a penumbra dos bastidores, tido e havido como o governador de fato. Marcílio, o discreto secretário de Projetos Estratégicos, é ex-marido de Ana Júlia Carepa e pai da filha da governadora, sobre a qual exerce inocultável ascendência, política e intelectual.


ALEPA – Bravata tucana
Na sessão desta quarta-feira, 20, da Alepa, a Assembléia Legislativa, o deputado Bira Barbosa (PSDB) exercitou uma das especialidades da bancada tucana, que é a bravata política, a pretexto da discussão do projeto do Executivo que altera a estrutura administrativa do Detran, o Departamento de Trânsito do Estado do Pará. O álibi do parlamentar para tanto foi a reivindicação de servidores do Detran, que postulam a incorporação, nas aposentadorias, de uma gratificação a que entendem ter direito e que foram procurá-lo, pedindo sua intervenção.Definir mudanças que gerem despesas é uma prerrogativa exclusiva, constitucionalmente, do Executivo. E o governo Ana Júlia, segundo os deputados petistas, não se opõe a incorporação postulada, mas alega a necessidade de examinar cuidadosamente a reivindicação, porque parcela dos servidores do Detran já teriam incorporado-a em governos passados.


ALEPA – Proselitismo recorrente
Em um proselitismo recorrente, Bira, sugerindo indignação, naturalmente para consumo externo, exortou os servidores do Detran a não transigir em sua reivindicação. E, previsivelmente, se disse pronto a atender o eventual clamor popular, na eventualidade de qualquer iniquidade, acrescentando que concedia um aparte à deputada Regina Barata, líder do PT, por ser um democrata. De imediato o neotucano foi ironizado por Regina Barata, que declarou dele não se esperar outra coisa, considerando suas origens petistas.Originário do PT, onde iniciou sua militância política, Bira decolou politicamente no PMDB, partido ao qual serviu fielmente por muitos anos e no qual foi fiel escudeiro do ex-governador Jader Barbalho, o manda-chuva da legenda no Pará. Quando a biruta do poder apontava na direção do tucanato e as aparências sugeriam o ocaso político de Jader, ele migrou para o PSDB, durante o governo do tucano Simão Robison Jatene, e acabou dentre as vítimas do naufrágio eleitoral de 2006, ficando como suplente. Submerso em um ostracismo humilhante, para quem chegou a ser presidente da Assembléia Legislativa e líder de governo, Bira retornou à Alepa diante da eleição do então deputado tucano Cezar Colares para o TCM, o Tribunal de Contas dos Municípios do Pará.

CÂMARA – Juiz libera instalação da CPI da Saúde
O controvertido juiz Marco Antônio Lobo Castelo Branco, enfim abriu as portas para a instalação da CPI da Saúde na Câmara Municipal de Belém. No final da manhã de hoje ele julgou improcedente o recurso do presidente da Casa, vereador Walter Arbage (PTB), diante do qual determinara a suspensão do despacho de sua própria autoria que determinava o encaminhamento do pedido de instalação de CPI à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.A CPI da Saúde é defendida pela oposição ao prefeito Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu, apontado como o principal responsável pelo sucateamento da saúde pública em Belém, ilustrada pelo macabro colapso, com sua sucessão de mortes, nos PSMs, os prontos-socorros municipais e nos postos de saúde. Descrito como um eunuco político, servil ao nefasto Dudu, Arbage e os demais cúmplices do prefeito postergaram, até a exaustão, a instalação da CPI. Aguarda-se, agora, o constrangedor espetáculo proporcionado pelo fisiologismo, no rastro da inevitável tentativa de cooptação, lastreada por razões escusas.


SEFA – O escancarado nepotismo de Zé Trindade
O secretário estadual da Fazenda, José Raimundo Barreto Trindade (à esq., em foto do site do governo), é habitualmente descrito como prepotente e irascível na relação com os subordinados que não compõem sua entourage. Mas, a concluir das denúncias que pontuam sua gestão, trata-se também de uma pessoa escandalosamente generosa para com a família e os amigos, como é próprio daqueles que cultivam fervorosamente os laços de amor e amizade.O problema é que Zé Trindade, como é mais conhecido o atual titular da Sefa (Secretaria de Estado da Fazenda), resvala, na esteira dessa generosidade, para a prática do mais escancarado nepotismo e do compadrio. Mal Trindade tornou-se secretário, em 1º de janeiro de 2007, sua mulher, Tânia Maria da Silva Costa, foi nomeada, em 4 de janeiro de 2007, coordenadora de Área da Escola do Governo, em um cargo comissionado, nível DAS-4. Em 1º de agosto de 2007, Tânia Maria da Silva Costa foi catapultada, por ato da governadora Ana Júlia Carepa, para um cargo DAS-5, com lotação oficial na mesma Escola de Governo.
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SEFA – Um cunhado escandalosamente generoso
Como o tristemente célebre deputado federal Sérgio Moraes (PTB/RS), Trindade também parece estar se lixando para a opinião pública. Ao tornar-se secretário, ele tratou de patrocinar a nomeação, para funções de relevo, de três cunhados – Vera Lúcia Costa de Souza, Humberto Braz Costa Júnior e Romelson Domingos de Oliveira Rodrigues – revelando-se, mais uma vez, escandalosamente generoso para com os seus. O problema, naturalmente, é que a conta de tanta generosidade é bancada com recursos públicos.Vera Lúcia Costa de Souza, particularmente, teve uma ascensão fulminante, sob o patrocínio do querido cunhado. Em 1º de janeiro de 2007, ao assumir a Sefa, Trindadade, em duas portarias distintas, lotou-a no gabinete do secretário e designou-a para exercer a gerência do gabinete. Em 15 de fevereiro de 2007, por portaria do chefe da Casa Civil, na época Charles Johnson da Silva Alcântara, ela foi catapultada de um DAS-4 para um DAS-5. Na mesma data, 15 de fevereiro de 2007, em outra portaria, Charles Johnson da Silva Alcântara nomeou Humberto Braz Costa Júnior, irmão de Vera Lúcia Costa de Souza, a cunhada de Trindade, secretário de gabinete.

SEFA – A todo-poderosa cunhada do secretário
Segundo fontes da Sefa, o status de Vera Lúcia Costa de Souza na secretaria ultrapassa os limites do seu próprio cargo. Secretário-adjunto na Sefa, dizem, é rainha da Inglaterra, que reina mas não governa. Na prática, é o que dizem também, quem acaba por substituir Trindade é, na verdade, a querida cunhada do secretário.Pelo menos em duas ocasiões, de acordo com as denúncias amparadas em provas documentais, Vera Lúcia Costa de Souza foi formalmente designada para responder pelo expediente do órgão por Charles Johnson da Silva Alcântara, então chefe da Casa Civil. Isso ocorreu a 15 de março e a 21 de junho de 2007. Em ambas as ocasiões Trindade viajou a Brasília para participar de reuniões do Confaz, o Conselho Nacional de Política Fazendária.


SEFA – Os tentáculos do nepotismo
Os tentáculos do nepotismo patrocinado por Trindade ultrapassam os limites da Sefa e alcançam o próprio Palácio dos Despachos. Neste esteve abrigada, no cargo de assessor sindical, do qual foi exonerada a 25 de março deste ano, Alessandra de Cássia Costa Souza, identificada como prima de Tânia Maria da Silva Costa, a mulher do secretário estadual da Fazenda.Mas Trindade não se esquece dos amigos, como de resto sublinham as denúncias de nepotismo e compadrio feitas contra ele, por fontes da própria Sefa. Nesta categoria figura Jó Bezerra Sales, diretor fazendário, a cuja amizade com o secretário é debitada a sua designação para coordenador geral do Programa de Apoio à Modernização e Transparência da Gestão Fiscal do Pará. A mulher de Jô Bezerra Sales, Nazaré Sales, exerceria uma função comissionada no Cerat Belém, a Coordenação Executiva Regional de Administração. Jô ocupada um cargo DA-5 e a sua mulher, Nazaré, um DAS-4.



TCE – De olho na boca-rica
Reapareceu na Assembléia Legislativa nesta terça-feira, 19, o deputado André Dias, do PSDB (à esq., em foto do site da Alepa). Bem-disposto, ele se recupera de um câncer detectado em estágio ainda incipiente, que o parlamentar trata em São Paulo, para onde precavidamente viajou, poupando-se das agruras a que são submetidos os pacientes do Hospital Ophir Loyola, sem a sorte e as facilidades que, felizmente, tem o deputado tucano.André Dias é citado por O Liberal como um dos postulantes a nova vaga aberta no TCE, o Tribunal de Contas do Estado, destinada à Assembléia Legislativa, ainda que não necessariamente a um deputado – em tese, naturalmente, porque ninguém é de ferro, menos ainda nossos nobres parlamentares. Juntamente com ele disputam a vaga, ainda segundo O Liberal, os deputados Manoel Pioneiro, também do PSDB, Martinho Carmona, do PMDB, e Luis Cunha, do PDT, que recentemente postulou uma boca-rica semelhante, no TCM, o Tribunal de Contas dos Municípios, sendo derrotado pelo então deputado tucano Cezar Colares, hoje digno conselheiro do respeitável tribunal.


TCE – Quem é André Dias
O deputado tucano André Dias, um dos supostos postulantes à vaga no TCE, se notabilizou menos por sua atuação parlamentar e mais por protagonizar, juntamente com o então deputado Pio Neto, do PTB, um episódio incorporado ao folclore político do Pará.A quando da votação que sepultou a proposta de instalação da CPI da Cerpa – a cervejaria paraense acusada pelo Ministério Público Federal de financiar o caixa 2 do PSDB, como contrapartida de benefícios fiscais concedidos pelos governos Almir Gabriel e Simão Jatene -, André Dias e Pio Neto, eufóricos, trocaram um beijo no plenário da Assembléia.


TCE – Comemoração constrangedora
Pela gravidade da denúncia, feita pelo Ministério Público Federal, após flagrar em andamento a contabilização do caixa 2 da Cerpa, a comemoração provocou uma justa indignação. Que acabou naturalmente comparada ao escárnio que representou a célebre dança da pizza, protagonizada no plenário da Câmara Federal pela então deputada Angela Guadagnin, do PT, festejando a absolvição de mensaleiros petistas.Angela Guadagnin não conseguiu se reeleger para a Câmara Federal, em 2006. Nem Pio Neto para a Assembléia Legislativa, no mesmo ano. André Dias teve mais sorte, também nisso, e obteve um novo mandato, que se encerra em 2010.


TCE – As chances de Pioneiro
Nos bastidores o que se especula é que as chances de Pioneiro, como pretenso postulante a uma vaga de conselheiro do TCE, repousam no interesse atribuído a Helder Barbalho (PMDB), prefeito reeleito de Ananindeua, em tirar o deputado tucano do seu caminho. Ex-prefeito do município, Pioneiro é muito popular em Ananindeua, a despeito da derrota que lhe foi imposta por Helder em 2008, cuja vitória foi pontuada por denúncias de corrupção eleitoral, ainda que não comprovadas.Como Helder Barbalho é amplamente criticado por fazer uma administração descrita como claudicante, para dizer o mínimo, conviria a ele ver Pioneiro à margem da arena eleitoral. O atual prefeito de Ananindeua é apontado como presumível herdeiro político do pai, Jader Barbalho, embora criticado, dentro do próprio PMDB, por não exibir a mesma sagacidade do ex-governador, o manda-chuva do partido no Pará.


ALEPA – Queda-de-braço
A queda-de-braço entre governo e oposição, diante do veto da governadora Ana Júlia ao acesso dos deputados aos sistemas de controle de contas e compras do Estado, teve um novo capítulo na Alepa, a Assembléia Legislativa do Pará, nesta terça-feira, 19. Os discursos foram inflamados, de ambas as partes.Parlamentares do PMDB e do PSDB cobram enfaticamente o acesso em nome da transparência trombeteada pela administração Ana Júlia Carepa. Os do PT alegam que aos deputados seria facultado apenas acessar um único dos cinco sistemas, o Siafen, Sistema Integrado de Administração Financeira. O acesso a todos os sistemas, na argumentação dos petistas, seria uma prerrogativa do TCE, o Tribunal de Contas do Estado.


ALEPA – Simpatia é quase amor
A queda-de-braço serve para revelar que, mais do que nunca, o clima entre peemedebistas e tucanos, até passado recente ferozes adversários, é de simpatia é quase amor. O que naturalmente convém a ambas as partes. Ao PMDB, diante da relação ambivalente com o governo Ana Júlia Carepa. E ao PSDB porque abre a perspectiva de retorno ao poder em 2010, em uma eventual aliança com o PMDB, após o aniquilador naufrágio eleitoral de 2006.O discurso da deputada Simone Morgado, do PMDB, presidente da Comissão de Finanças da Assembléia Legislativa, ecoa o do líder do PSDB, o espalhafatoso Zé Megale. A parlamentar peemedebista se distingue do deputado tucano, em suas intervenções a respeito dessa disputa, pela serenidade, o que acaba por imprimir credibilidade aos seus pronunciamentos, sabendo-se que a veemência frequentemente conspira contra o discernimento.

ALEPA – Contradição tucana
Nos bastidores, os deputados petistas fazem ácidas críticas à oposição, a qual acusam de pretender antecipar a sucessão de 2010, com a reivindicação de acesso aos sistemas de controle de contas e compras do Estado. As críticas são particularmente endereçadas contra a tucanagem.Os petistas recordam que nos 12 anos de sucessivos governos do PSDB no Pará, entre 1995 e 2006, os tucanos jamais permitiram à oposição fazer sequer emendas na LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Diante das pretensões nesse sentido, relembram os deputados do PT, o Palácio dos Despachos, então ocupado pelo PSDB, costumava acionar seu rolo compressor na Assembléia Legislativa.

ALEPA – A estratégia do constrangimento
A pressão da oposição pelo acesso aos sistemas de controle de contas e compras do Estado certamente não se dá pelo apreço a probidade administrativa, considerando as passagens do PMDB e do PSDB pelo governo do Pará. Na verdade, os deputados de ambos os partidos obedecem claramente a uma estratégia – a do constrangimento.Como consagra a sabedoria popular, em casa de enforcado não se fala em forca. Cobrar transparência do governo Ana Júlia Carepa implica, fatalmente, em constranger os atuais inquilinos do Palácio dos Despachos e a própria governadora. Por não dispor da blindagem que os governos tucanos gozaram junto a grande imprensa do Pará, e particularmente junto ao grupo de comunicação da família Maiorana, a administração Ana Júlia Carepa é vunerável às denúncias de inépcia e corrupção. Com o agravante de agora não ter a leniência do grupo de comunicação da família do ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará.


PODER – Bastidores tucanos
No interior do PSDB, segundo relatos dos próprios tucanos, ninguém mais suporta o rancor insepulto do ex-governador Almir Gabriel em relação ao seu sucessor no governo, o ex-governador Simão Robison Jatene. Nem mesmo as mais fiéis viúvas daquele que ainda se arvora a ser o tucano-mor do Pará. Almir, dizem, insiste em responsabilizar Jatene pelo naufrágio eleitoral de 2006, determinante para sua aposentadoria política compulsória.No relato de testemunhas privilegiadas, a caminho dos 77 anos, sem mandato e ainda cultivando as mágoas pela derrota eleitoral de 2006, Almir conservaria a mesma soberba dos tempos de poder, quando não costumava conversar, mas pontificar. Com uma diferença abissal: destituído de poder e em uma idade crepuscular.


PODER – A (amarga) cerimônia do adeus
Por isso, de acordo com fontes tucanas, no que restou do PSDB, ninguém mais, sinceramente, está disposto a atrelar o futuro do partido, e seu próprio futuro político, aos caprichos do ex-governador.Do que é relatado se pode concluir que, na verdade, a despeito das reverências para consumo externo, até por respeito a idade e ao passado do ex-governador, a tucanagem, com mandato a preservar,

UEPA – Suspeitas que maculam Palácios e Cordero
Da edição desta terça-feira do Repórter Diário, a prestigiada coluna do Diário do Pará:“O ex-reitor da Uepa Fernando Palácios vai depor na sexta-feira, na Justiça Federal, nos processos que julgam desvio contabilizado pela acusação em mais de R$ 4 milhões, de convênios federais, mas que pode superar R$ 10 milhões, se adicionados convênios estaduais, de acordo com cálculo do advogado Kadmo Bastos Melo Júnior. O ex-reitor e seu vice, Antônio Cordero, respondem a duas ações populares movidas pelo advogado e a uma ação civil pública, delas gerada e impetrada pelo Ministério Público Federal.“Segundo o advogado, que representa nas ações o senador José Nery, a ex-deputada Aracely Lemos e os ex-vereadores Marinor Brito e Ildo Terra, hoje todos no PSol, à exceção de Terra, 34 pessoas já foram acionadas, mas os envolvidos são mais de 100, incluindo a administração superior da Uepa nos dois mandatos de Palácios (2000-2008). Por desvio já comprovado em apenas um dos convênios federais, sustenta o advogado, o MPF quer que Palácios e Cordero devolvam R$ 600 mil aos cofres públicos.”Em tempo: o médico Antônio Cordero, conforme a versão corrente, foi um dos mais ilustres eleitores da nova reitora da UEPA, a professora Marília Brasil, ex-interventora da instituição.

Segunda-feira, 18 de Maio de 2009

CIRO GOMES – Pega na mentira 1
“A Câmara pagou, sim, Ciro”. Este é o título da matéria publicada nesta segunda-feira, 18, pelo site Congresso em Foco (congressoemfoco.ig.com.br), desmascarando categoricamente o deputado federal Ciro Gomes (PSB/CE). Declarado pré-candidato a presidente da República, na sucessão de 2010, o parlamentar reagiu indignado, inclusive brandindo palavrões, diante da inclusão de seu nome na relação dos deputados federais que usaram a cota de passagens para vôos internacionais. “Leviana e grosseira mentira”, foi como Ciro etiquetou a notícia, no plenário, sob os aplausos dos colegas. "Ministério Público é o caralho", ditou em seguida, para os jornalistas, ao ser informado sobre a procedência da lista.O Congresso em Foco, em sua edição de hoje, ilustrando a matéria com o fac-símile de um dos bilhetes aéreos (acima, à esquerda), ratifica a denúncia, acrescentando que, de acordo com os registros da TAM, a Câmara dos Deputados pagou quatro vôos internacionais para Maria José Gomes, mãe do ex-governador cearense e do atual, Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes. “Agora, mais detalhes sobre os bilhetes emitidos no ano passado, segundo os registros da TAM sobre as passagens pagas pela Câmara em 2008. De acordo com o cartão de embarque 95723453087776, Maria José Gomes viajou de São Paulo a Nova York no dia 18 de maio, às 8h45, no voo JJ 8082. E voltou no dia 25 do mesmo mês, às 19h40, no voo JJ 8081. A passagem, de acordo com o bilhete, custou US$ 7,6 mil. Precisamente R$ 12.682,12, segundo o câmbio da época”, revela ainda o site.


CIRO GOMES – Pega na mentira 2
Em seguida, a transcrição, na íntegra, da matéria do site Congresso em Foco, desmascarando Ciro Gomes.A Câmara pagou, sim, CiroViagem da mãe do deputado para os EUA custou R$ 12,6 mil. Ele não devolveu créditos aéreos,como disse, e sua assessoria atribui agora a erro da TAM registros que confirmam informações deste siteLúcio Lambranho e Edson Sardinha*Lembra da reação do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) ao ver a lista dos deputados federais que usaram a cota de passagens para vôos internacionais, no último dia 22? “Leviana e grosseira mentira”, bradou Ciro no plenário, sob os aplausos dos colegas. "Ministério público é o caralho", ditou em seguida, para os jornalistas.O Congresso em Foco reuniu informações para comprovar o que publicou. Como informamos, de acordo com os registros da empresa aérea, a Câmara dos Deputados pagou quatro vôos internacionais para a passageira Maria José Gomes, mãe do ex-governador cearense e do atual (Cid Gomes, irmão de Ciro). Os dois primeiros tiveram emissão em dezembro de 2007; os outros dois, em abril de 2008.Agora, mais detalhes sobre os bilhetes emitidos no ano passado, segundo os registros da TAM sobre as passagens pagas pela Câmara em 2008. De acordo com o cartão de embarque 95723453087776, Maria José Gomes viajou de São Paulo a Nova York no dia 18 de maio, às 8h45, no vôo JJ 8082. E voltou no dia 25 do mesmo mês, às 19h40, no vôo JJ 8081. A passagem, de acordo com o bilhete, custou US$ 7,6 mil. Precisamente R$ 12.682,12, segundo o câmbio da época.Ressaltamos que os nomes de Ciro e de sua mãe apareceram exclusivamente na lista dos parlamentares que usaram a cota para passagens internacionais, e não haviam sido destacados em nenhuma matéria deste site até a explosão verbal do deputado, três semanas atrás.A assessoria de Ciro mantém a versão de que os dois vôos de dezembro de 2007 não ocorreram, até porque, insiste o gabinete do deputado, ela à época não tinha visto de entrada para os Estados Unidos. Em nenhum momento, o Congresso em Foco afirmou que essa viagem foi feita. Informou que a passagem foi paga pela Câmara.“A TAM pode ter feito confusão”Quase um mês depois de Ciro dizer que a lista não passava de “grosseira mentira”, a assessoria do deputado alega que deve ter ocorrido um erro da TAM. O gabinete informa que o irmão mais velho do parlamentar, Lúcio Gomes, tem cobrado insistentemente da companhia aérea uma explicação, e já estaria estudando a possibilidade de acionar a empresa judicialmente para obter as informações. “A TAM pode ter feito uma confusão”, disse a assessoria de imprensa do deputado, reiterando outra coisa que Ciro já havia dito: sua cota jamais foi usada para pagar viagens de qualquer pessoa, a não ser dele mesmo.Como temos informado, diversos especialistas em Direito ouvidos pelo Congresso em Foco contestam o entendimento, difundido por vários parlamentares, de que era legal a utilização da cota de passagens aéreas do Congresso para voos internacionais, assim como para viagens não relacionadas diretamente com o exercício do mandato. Explicam esses especialistas que, no serviço público, prevalece o princípio jurídico segundo o qual só pode ser feito aquilo que é previsto e expressamente autorizado, e nem a lei nem qualquer norma interna da Câmara ou do Senado jamais autorizou o uso da cota para viagens ao exterior, ou para atividades não relacionadas diretamente com o exercício do mandato parlamentar.Procurada pelo Congresso em Foco, a TAM solicitou que as perguntas fossem encaminhadas por e-mail, o que foi feito às 12h54 da última quinta-feira, dia 14 de maio. Até a publicação desta matéria, não obtivemos manifestação da TAM sobre a nova versão de Ciro.Há outra contradição nas explicações dadas por Ciro no dia 22. Em pronunciamento no plenário, disse ter devolvido à Câmara R$ 189 mil de créditos não utilizados de passagens aéreas (ver discurso abaixo). “Devolvi as sobras aos cofres públicos, R$ 189 mil dos exercícios de 2007 e 2008. Não ensino isso para ninguém, até porque quem não fez assim não fez nada errado”, afirmou.Nem na Terceira Secretaria nem em qualquer outro setor competente da Casa consta qualquer devolução feita pelo deputado cearense. Nesse assunto, a assessoria de Ciro jogou a toalha. Admitiu que, de fato, ele não devolveu os recursos. Apenas “economizou” recursos públicos que deixaram de ser utilizados. Em outras palavras: Ciro ainda não usou, mas os créditos continuam disponíveis para ele.A história, passo a passoDesde 19 de abril o site está solicitando ao deputado Ciro Gomes, por e-mail, telefone e pessoalmente, explicações sobre o assunto. Ele não deu nenhum retorno antes da publicação da matéria, no dia 22.No início da tarde do último dia 22 de abril, Ciro procurou a reportagem para expressar sua contrariedade com a inclusão de seu nome na lista e informar que enviaria uma nota de esclarecimento, como de fato ocorreu. No texto, dizia que a mãe não tinha feito dois dos quatro vôos citados e que ela mesma havia pago os outros dois. Na nota, também elogiava o cuidado do site com a apuração jornalística.Discurso no plenárioNaquela mesma tarde, enquanto sua assessoria enviava a nota acima ao site, Ciro elevava o tom dos ataques no plenário. Em tom de indignação, o deputado condenou a “leviana e grosseira mentira”, trocou a data dos vôos citados pelo Congresso em Foco, e recebeu aplausos dos colegas após dizer que o povo brasileiro deveria aprender a respeitar o Congresso.Destempero no cafezinhoLogo depois de discursar, Ciro dirigiu-se ao cafezinho do plenário. A reportagem do site o seguiu para pedir mais detalhes sobre o uso da cota parlamentar de passagens. Aos berros, o deputado disse que queria saber quem era o “filho da puta” que havia envolvido o nome dele no caso.“Só eu viajo com a cota, e agora me vejo jogado numa lista? Quem fez essa lista?” Uma repórter disse que o levantamento era do Ministério Público Federal, e o deputado gritou: “Ministério Público é o caralho. Pode escrever aí. Ciro diz: Ministério Público é o caralho”.Atrás de CiroDe lá pra cá, continuamos cobrando explicações do deputado, inclusive de público, para esclarecer o assunto. O Congresso em Foco não conseguiu mais falar diretamente com aquele que é um dos mais influentes membros do atual Congresso.Hoje com 51 anos, Ciro teve em 2006 a maior votação proporcional para a Câmara em 2006, mais de 16% dos votos válidos do Ceará. Também foi deputado estadual, prefeito de Fortaleza, governador e ministro da Integração Nacional, no governo Lula, e da Fazenda, durante o governo Itamar Franco.Procurada novamente na semana passada, a assessoria de Ciro informou que o deputado estava em missão oficial autorizada pela Câmara nos Estados Unidos.Tudo se confirmouTratando de tema extremamente delicado e que envolve surpreendente número de parlamentares, o Congresso em Foco publicou farto e exclusivo material sobre o assunto e não encontrou, até o momento, nenhum elemento, fato ou prova de que tenha errado em qualquer uma das inúmeras matérias que colocou no ar sobre o assunto. Ao contrário. Outros veículos de comunicação acrescentaram detalhes novos que só reforçam a gravidade do caso, como as revelações feitas no último dia 24 pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e pela Folha de S. Paulo sobre a atuação da agência de viagens Infinite, que admitiu negociar créditos da cota de passagens de deputados.A Câmara abriu sindicância para investigar o caso das passagens. Tanto ela quanto o Senado alteraram a regulamentação da cota, restringindo o uso do benefício aos próprios deputados e a assessores previamente autorizados, num reconhecimento explícito de que os fatos relatados eram importantes, verídicos e que havia algo de errado na utilização de passagens no Legislativo federal. A mudança representa uma economia estimada em mais de R$ 25 milhões por ano para os cofres públicos.Direito de manifestaçãoO Congresso em Foco ofereceu a todos os parlamentares citados nas matérias sobre a farra das passagens a possibilidade de manifestação antes da publicação de seus nomes. Durante mais de uma semana buscamos obsessivamente o retorno de e-mails e telefonemas dirigidos a quase 300 congressistas e a mais de uma centena de ex-parlamentares. Todas as explicações e respostas recebidas foram devidamente publicadas.Reiteramos a todos os congressistas que estamos abertos para ouvir, e publicar, quaisquer esclarecimentos, explicações ou opiniões que queiram expressar sobre o assunto, seja por meio de entrevista ou de textos enviados à redação, que temos publicado na íntegra, tenha ela o tamanho que tiver, de maneira a evitar qualquer edição equivocada das palavras do autor. A atividade jornalística, como qualquer outra, está sujeita a erros. Não teremos nenhuma dificuldade em reconhecer nossos erros se eles forem demonstrados por quem quer que seja.* Colaborou Sylvio Costa

CIRO GOMES – O ilustre preposto no Pará
O deputado federal Ciro Gomes é filiado atualmente ao PSB. Originalmente aliado paroquial do senador Tarso Jereissati (PSDB/CE), no Ceará ele já foi deputado estadual, prefeito de Fortaleza e governador. Ele foi também ministro da Integração Nacional, no governo Lula, e da Fazenda, durante o governo Itamar Franco. Seu irmão, Cid Gomes, que também patrocinou um vôo da alegria para a sogra, bancado com dinheiro público, naturalmente, é o atual governador do Ceará.No Pará, o PSB, a legenda de Ciro, tem como manda-chuva o ex-senador Ademir Andrade, atualmente vereador de Belém e possível candidato a deputado estadual em 2010. Ademir Andrade, pai do deputado estadual Cássio Andrade, também do PSB e que em 2010 sairia candidato à Câmara Federal, foi um dos detidos pela Polícia Federal, na Operação Galiléia, sob a suspeita de fraudar licitações, quando presidente da CDP, a Companhia das Docas do Pará. Nas eleições municipais de 2008 em Belém, ele apoiou a reeleição do prefeito Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu. Como o pai, que ficou conhecido como Ademir da Galiléia, o ilustre rebento de Ademir Andrade, o deputado estadual Cássio Andrade, um parlamentar de desempenho pífio, também responde a processo por suspeita de corrupção.


ALEPA – Dia do combate ao abuso sexual
Uma sessão solene, que no momento desta postagem está sendo realizada na Alepa, a Assembléia Legislativa do Pará, assinala a passagem do Dia do Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, instituído por iniciativa da deputada petista Regina Barata e comemorado nesta segunda-feira, 18 de maio. A comemoração estadual coincide com o transcurso, também hoje, do Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual, que este ano tem por tema Esquecer é permitir. Lembrar é combater.
Instituído em 2000, o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual faz alusão a um macabro episódio, ocorrido a 18 de maio de 1973, no Espírito Santo, em que Araceli Cabrera Sanches, com oito anos de idade, foi violentada e assassinada e teve seu cadáver desfigurado com ácido, em um crime que ficou impune. Dentre os suspeitos figurava o filho de um ministro do regime militar, cujo período de radicalização, os chamados anos de chumbo, se estendeu de 13 de dezembro de 1968, com a decretação do Ato Institucional nº 5, o famigerado AI-5, até 1974, ano da posse, como presidente, do general Ernesto Geisel, que deu início à distensão política e abriu caminho para a redemocratização. O crime inspirou um livro do jornalista José Louzeiro, Araceli, Meu Amor, censurado pelo regime militar.A sessão solene na Alepa, realizada por proposta de Regina Barata, tem por objetivo contribuir para o debate em torno de alternativas para o grave problema que representa o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes, particularmente no Pará, como evidencia a CPI da Pedofilia instalada na Assembléia Legislativa. Só este ano, de janeiro até o último dia 15, o Pró-Paz registrou 441 casos de violência, inclusive sexual, contra crianças e adolescentes no Pará. O Pró-Paz é um programa destinado a dar assistência a crianças e adolescentes vítimas de violência.


ALEPA – Irmã Henriqueta é homenageada
Na sessão, a Alepa deverá homenagear a irmã Henriqueta Cavalcante, da Comissão de Justiça e Paz da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Ela receberá a medalha do Mérito Legislativo, em reconhecimento a sua luta em defesa das crianças e dos adolescentes vítimas de violência, já que não pode comparecer à solenidade de entrega da comenda, realizada no último dia 7.Inusitadamente, a Sedes, a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social, em tese encarregada de definir a política social do governo, não se fez representar na sessão. A secretaria é atualmente comandada por Eutália Barbosa Rodrigues, uma opaca assistente social pinçada do Tocantins, cuja nomeação foi patrocinada pela DS, a Democracia Socialista, a tendência interna do PT na qual milita a governadora Ana Júlia Carepa.


PODER – A rasteira da DS em Ana Júlia
Enquanto o distinto público se entretém com a crise entre o PMDB e o governo Ana Júlia Carepa, está claramente em curso uma rasteira política na governadora, envolvendo algumas das cabeças coroadas da DS, a Democracia Socialista. A DS é a tendência interna do PT da qual Ana Júlia Carepa foi, até aqui, a maior expressão eleitoral no Pará.Ao mesmo tempo em que Ana Júlia naufraga na sua inépcia administrativa, que esfarinha sua popularidade, as cabeças coroadas da DS, com a chave do cofre em mãos, parecem apostar, para consumo externo, no peso da máquina administrativa para viabilizar a reeleição da governadora. Parecem. Na verdade, as evidências apontam que as cabeças coroadas da DS apostam, mesmo, é em seus projetos políticos pessoais, diante da perspectiva de um monumental desastre eleitoral de Ana Júlia, na tentativa de obter um segundo mandato.


PODER – As evidências da trama
Essa leitura sugere, obviamente, enfáticos desmentidos do Palácio dos Despachos, com a previsível tentativa de desqualificá-la. Ou o solene desprezo, na tentativa de não repercutir o que as evidências apontam, como é hábito entre os inquilinos do poder, independentemente de legendas.Mas as evidências falam por si. Não é outra coisa que estimula as articulações de quadros da DS mirando nas eleições de 2010. Ainda que a pretexto de garantir a reeleição de Ana Júlia, o que eles pretendem, sobretudo, é salvar a própria cabeça da eventual degola eleitoral. A começar pelo próprio articulador político do governo, Cláudio Castelo Branco Puty, chefe da Casa Civil, que alimenta a declarada intenção de sair candidato a deputado federal.

PODER – A teia de ambições
A teia de ambições eleitorais na DS é extensa e turbinada, naturalmente, pelas facilidades, legais e ilegais, proporcionadas pelo exercício do poder, na melhor tradição patrimonialista brasileira. As declarações de fidelidade a Ana Júlia, pelo que sugerem as evidências, são, como se diz, para inglês ver. Quem de antemão postula alguma coisa em 2010, na DS, na verdade está mais preocupado é com seu próprio pescoço. Se Ana Júlia, por insondáveis mistérios, for reeleita, ótimo, mas no fundo, no fundo, essa não é a preocupação prioritária na DS.Essa teia de ambições inclui até a diretora geral da Escola do Governo e comadre da governadora, Edilza Joana Oliveira Fontes, a Cuca, que odeia Puty e é por ele odiada, e também sonha com a Câmara Federal, passando pela secretária de Desenvolvimento Urbano, Suely Oliveira, que assumidamente ambiciona chegar à Assembléia Legislativa. A trama é tão acintosa, que mesmo a inexpressiva secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Eutália Barbosa Rodrigues, uma ilustre desconhecida pinçada pela DS do Tocantins, capaz de se confundir com duas idéias concomitantes, estaria sendo estimulada a sair candidata a deputada estadual, como parte do esquema político para eleger Puty.

PODER – Governo e PMDB: sapateado de catita
Enquanto isso, prossegue o sapateado de catita do governo Ana Júlia e do PMDB, que no Pará atende pelo nome de Jader Barbalho, o ex-governador, hoje deputado federal e a única felpuda raposa do galinheiro político do Estado. O governo, dominado pela DS, faz que acredita na fidelidade dos peemedebistas, enquanto aposta na força da grana para se manter no poder. O PMDB, cacifado pelo prestígio de Jader e o desprestígio de Ana Júlia junto ao Palácio do Planalto, morde e assopra.Rompimento, nesse cenário, só se for da conveniência de Jader, um estrategista sagaz e, por isso mesmo, frio, vacinado, até pela larga experiência, contra a proverbial perfídia da DS e, em particular, de Ana Júlia Carepa, a governadora que ajudou a eleger. Um líder carismático, pessoalmente sedutor, porque afável e habitualmente tolerante, ele não costuma vacilar em sobrepor suas conveniências políticas aos interesses públicos, ainda que faça isso sem a truculência do tucanato, quando no poder.

PODER – A ilustrativa entrevista de Puty
É ilustrativa, disso tudo, a entrevista concedida pelo chefe da Casa Civil, Cláudio Castelo Branco Puty, a jornalista Úrsula Vidal, sábado, 16, no programa ETC & Tal, do SBT. Indagado sobre a crise do Hospital Ophir Loyola, vítima de um cruel e criminoso sucateamento, e cuja diretoria é da cota do PMDB no governo Ana Júlia Carepa, Puty isentou o partido de Jader Barbalho de qualquer responsabilidade.A crise, que se expressa pela falta de recursos, diante da elefantíase da folha de pagamento, derivaria do aumento de pessoal, segundo alegou o articulador político do Palácio dos Despachos. Como o empreguismo é apontado como uma das causas da crise do Ophir Loyola, se ele não é de responsabilidade do PMDB, de quem seria? Da secretária de Saúde, médica Laura Rosseti, indicação pessoal da governadora, segundo o deputado peemedebista Parsifal Pontes? Ou da própria Ana Júlia? Essas são perguntas que, previsivelmente, não querem calar. Com a palavra, o doutor Puty, que no Palácio dos Despachos é o imperial e irascível Pacheco, mas, confrontado com a cobra criada que é Jader Barbalho, agora revela a docilidade de cachorrinho de madame, no desespero, dizem, de viabilizar sua candidatura à Câmara Federal, em 2010.

PODER – Quando o falcão se reduz a cordeiro
A entrevista revelou o perfil servil de Puty, que com seus subalternos costuma encarnar o folclórico Pacheco, o personagem de Eça de Queiroz farto em arrogância e paupérrimo em realizações. Sábado foi o dia em que o falcão do passado recente reduziu-se a dimensão de cordeiro.De acordo com fartos relatos, quando ascendeu no governo Ana Júlia Carepa, defenestrando da Casa Civil Charles Alcântara, Puty costumava malsinar abertamente Jader Barbalho e o PMDB, e a tratar com desdém a classe política e os demais secretários. Dentre outras aberrações, ele demitiu, por recado, a ex-secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Ana Maria Barbosa, consensualmente respeitada em Brasília como uma das maiores autoridades em matéria de políticas públicas para deficientes, categoria na qual ela própria se inclui. Prestou-se ao papel de moleque de recados Ana Cláudia Duarte Cardoso, atual titular da Segov, a Secretaria de Estado de Governo, anteriormente ocupada por Puty, do qual ela era, como continua sendo, preposta.


BLOG - ERRATA
Ao observar que o ex-deputado federal José Priante, do PMDB, emergia de um previsível ostracismo, após a derrota para o prefeito Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu, na pressa acabei por me confundir e digitei que ele submergia, erro detectado e ironizado por um internauta. Erro pelo qual, humildemente, peço desculpas.A pressa, da qual derivou o erro, acabou por conduzir-me a um ato falho, na forma do pleonasmo, que por sinal pontua também a trajetória política de Priante, desde 2006. Candidato a governador pelo PMDB naquele ano, ao também ajudar a pulverizar a votação ele contribuiu para forçar a disputa do segundo turno, no qual Ana Júlia derrotou o ex-governador tucano Almir Gabriel, com o decisivo apoio de Jader Barbalho, seu estrategista eleitoral e mais ilustre eleitor, na ocasião.Ninguém, no PT, em 2006, acreditava na vitória de Ana Júlia, o que explica a governadora ter como vice o opaco Odair Santos Corrêa, um inexpressivo político de Santarém. Eleita Ana Júlia, após uma turbulenta passagem de seus prepostos pela Sespa, a Secretaria de Saúde, Priante submergiu no ostracismo, sem obter nenhuma das indicações para ele postuladas no governo Lula, no qual lhe é hostil Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, ex-PDT, hoje PT, e que o presidente pretende fazer sua sucessora. Candidato a prefeito de Belém em 2008, pelo PMDB, amargou nova derrota, debitada ao apoio de Ana Júlia, por debaixo dos panos, ao nefasto Dudu.

Sexta-feira, 15 de Maio de 2009

SEDES – Seminário sobre violência sexual
Enfim uma rara boa notícia envolvendo a Sedes, a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social.A secretaria promoverá, nos próximos dias 21 e 22, no auditório da Unama (Universidade da Amazônia), na BR, o Seminário Estadual de Enfrentamento a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

SEDES – O desafio da Auditoria Geral do Estado 1
Inclusive para sepultar as acusações de que se moveria a reboque das conveniências do atual governo, soa mais do que oportuno a Auditoria Geral do Estado se debruçar sobre a Sedes, a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social, a exemplo do que fez no Hospital Ophir Loyola.Motivos não faltam. A secretaria, em tese vital para a definição das políticas sociais do atual governo, é apontada como eloqüente e triste exemplo do mais deletério aparelhamento, promovido pela DS, a Democracia Socialista. A DS, relembrando, é tendência do PT na qual milita, por conveniência, a governadora Ana Júlia Carepa e que, por isso, comanda a máquina administrativa estadual.

SEDES – O desafio da Auditoria Geral do Estado 2
Uma auditoria na Sedes, agora, soa tanto mais oportuna, diante do que é sussurado nos bastidores da secretaria. Especula-se que Eutália Barbosa Rodrigues, a atual secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, sairia candidata a deputada estadual pelo PT, nas eleições de 2010.Descrita como arrogante e prepotente, Eutália é uma assistente social de currículo opaco, que aterrissou de pára-quedas na Sedes, procedente do Tocantins, ostentando como maior credencial seus vínculos com a DS. Dela é dito, embora sem provas documentais, que teria patrocinado a nomeação do marido no governo e manteria abrigada, na folha de pagamento da Sedes, a babá dos seus filhos.Por isso, nada como uma boa auditoria para colocar em pratos limpos as suspeitas que maculam a atual administração da Sedes. E a presumível probidade da secretária.

DESGOVERNO – Prosperidade enganosa
Reprisando o estelionato publicitário tucano, o governo Ana Júlia Carepa, na ausência de realizações palpáveis, aparentemente decidiu investir pesado na propaganda enganosa. As tevês passaram a exibir uma propaganda na qual desfilam estrelas petistas, incluindo naturalmente a governadora, louvando um Pará que não encontra equivalente no Estado real, tal qual ocorria na época dos 12 anos de sucessivos governos do PSDB.Enquanto isso, na Sespa, a Secretaria de Estado de Saúde Pública, o ar condicionado só é ligado após 10 horas da manhã, a cota pessoal de copos descartáveis é de um por semana e funcionários precisam fazer vaquinha, para a compra de água mineral.

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