terça-feira, 12 de maio de 2009

Líder do PT diz que Dilma é ‘um assunto resolvido’

Líder do PT na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza é um entusiasta da candidatura presidencial de Dilma Rousseff.

Diz que o nome de Dilma está consolidado em todas as correntes do petismo. Declara que a revelação de que a ministra arrosta um câncer não muda o quadro.

Há três semanas, o líder reuniu sua bancada em torno da ministra. Dilma falou sobre a crise. A certa altura, perguntaram-lhe sobre a candidatura. Desconversou.

A ministra “disse que, na hora em que ela se colocasse como candidata, não poderia mais ser ministra”, conta Vaccarezza.

Em entrevista ao blog, o líder petista discorreu sobre a estratégia do PT. Passa pela troca da direção, pela costura de alianças e pela elaboração de um programa.




Vai abaixo a entrevista:


- Há dúvidas no PT quanto à candidatura de Dilma?
Não. Esse é um assunto resolvido para todas as correntes do PT: os deputados federais, os senadores, os dirigentes e até os sindicalistas. A ministra já não é candidata apenas do Lula. Ela agora é candidata também do PT.
- A notícia de que a ministra luta conta o câncer não muda essa realidade?
Não altera em nada. O linfoma é, hoje, perfeitamente tratável. Sobretudo quando detectado em estágio inicial, como no caso da ministra Dilma. Isso tudo será superado. E a candidatura mantida.
- O partido já definiu a estratégia?
Não. Nesse ano de 2009, o PT vive um processo de mudança de sua direção. Além disso, o partido montará um programa de governo. Não dá para definir estratégia antes de ter um projeto de longo prazo.
- O projeto já foi ao forno?
Atravessamos uma fase peculiar. É como se trocássemos de roupa andando. Temos de mudar a direção, discutir o programa e responder à crise financeira. Então, diria que está tudo em gestação.
- O sucessor de Ricardo Berzoini será Gilberto Carvalho?
Gilberto Carvalho tem o apopio de 80% dos deputados federais, 70% dos senadores e 80% da base do partido.
Falta apenas o presidente Lula liberá-lo. Ele é o favorito. Creio que ficará muito difícil o presidente da República não liberar. A troca da direção vai ocorrer no final do ano.
- Dilma Rousseff partilha dessa preferência pelo Gilberto?
A minsitra teve uma reunião com a bancada do PT há três semanas. Nesse encontro, ela disse que prefere que Gilberto Carvalho seja o presidente do partido. Estavam presentes 67 dos 77 deputados federais do PT.
- Discutiu-se a candidatura presidencial nessa reunião?
Não. O encontro foi para debater a conjuntura econômica.
- Com todos esses deputados não se falou de 2010?
Quando foi instada a falar sobre a candidatura, a ministra fez questão de dizer que ainda não é candidata. Disse que estava ali como militante do partido.
- E a bancada acreditou?
A ministra desenvolveu um raciocínio lógico. Disse que, na hora em que ela se colocasse como candidata, não poderia mais ser ministra. Afirmou também que esse é um tema que o partido tem que resolver, não ela.
- A formalização se dará apenas em 2010?
Para o PT, já está resolvido. Para a base aliada do governo, ainda não. Temos que construir a candidatura junto com os nossos aliados. O PMDB tem o direito de lançar o seu nome. O bloco [PSB, PDT e PCdoB] também tem direito de ter o seu nome. Nós trabalhamos para juntar o PMDB e o bloco em torno da candidatura de Dilma.
- De onde viria o vice?
Nesse ponto, vou expressar a minha posição. Defendo que o [candidato a] vice da ministra seja o deputado Michel Temer [presidente do PMDB e da Câmara].
- Por quê?
Minha impressão é de que o melhor é que o vice seja do PMDB e de São Paulo. Esse Estado precisa estar representado na chapa.
- Essa sua posição encontra guarida no partido?
Creio que ela encontra muita guarida no partido. Trabalho para que essa posição prevaleça.
- Já conversou com Temer a respeito?
Não poderia falar publicamente se não tivesse tratado com o deputado Michel Temer.
- E ele?
Bem, ele é presidente do PMDB. Está licenciado. Mas é o presidente. Precisa costurar, primeiro, alternativas do PMDB. No momento apropriado, eles terão a definição deles.
- Toda essa protelação favorece a oposição, não?
Não vejo assim. Primeiro, há um rito a seguir. A lei impõe limites. Só podemos oficializar a candidatura no ano que vem. E os nossos rivais estão divididos. Só vejo vantagens em deixar para depois.
- Qual é a vantagem?
Nossa vantagem decorre do fato de que nós já estamos resolvidos. Nossos adversários, ao contrário, estão com muitos problemas. Além de não ter discurso, estão divididos.
- O que acha da tese do PSB de Ciro Gomes segundo a qual o governo deve ter mais de um candidato, sob pena de perder para José Serra no primeiro turno?
Não concordo de jeito nenhum. Creio que, se formos à disputa com a base unida, temos todas as condições de construir a vitória no primeiro turno.
- De onde viria essa facilidade?
Se estivermos unidos, fica muito mais fácil fazer a campanha, será mais fácil defender a continuidade do governo Lula na figura da ministra Dilma. Juntos, daremos mais solidez ao discurso da continuidade.
- Discurso de continuidade ganha eleição?
O que digo é que vamos defender a manutenção dos acertos e a correção dos erros do governo. A gestão do presidente Lula é um sucesso. Mas ninguém governa oito anos sem cometer erros. O próprio presidente acha que tem coisas que poderiam ter sido feitas e não foram. Tem ajustes para fazer.
- Não soa otimista demais dizer que Dilma pode prevalecer no primeiro turno?
Se tivermos apenas dois candidatos fortes –um do governo e outro da oposição—, a definição virá no primeiro turno. Os outros candidatos que eventualmente apareçam dificilmente somarão votos sucificientes para levar a disputa para o segundo turno.
- As pesquisas atribuem favoritismo a José Serra, não?
Se você lembrar dos índices do [Gilberto] Kassab e do [Geraldo] Alckmin no início da disputa do ano passado, em São Paulo, vai ver que, numa eleição majoritária, pesquisas feitas com mais de um ano de antecedência não tem importância nenhuma.
Nessa mesma época, na eleição municipal de São Paulo, a vitória de Alckmin era dada como certa no primeiro turno. E o Kassab não existia do ponto de vista eleitoral.
Escrito por Josias de Souza às 03h37

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